Por Luiz Roberto Marinho – A governadora Raquel Lyra se filia nesta segunda-feira (10) ao PSD (Partido da Social Democracia), com grande festejo no Recife Expor Center, no Cais de Santa Rita, para reforçar condições de sua reeleição em 2026 que o PSDB, ao qual pertenceu por nove anos, não lhe oferece mais.
Sua nova legenda teve, no pleito municipal, um fundo eleitoral de R$ 420,9 milhões, quase três vezes mais do que os tucanos, possui a maior bancada do Senado (15 senadores, contra três do PSDB) e a terceira maior bancada na Câmara (44 deputados, enquanto são 14 tucanos). Elegeu 812 prefeitos no ano passado, contra 520 do PSDB.
Outro fator importante que deve ter pesado na decisão da governadora, além do tamanho do PSD, é o risco do PSDB acabar extinto, na prática, em 2026. São duras as cláusulas de barreira para as próximas eleições: 2,5% dos votos válidos e 13 deputados federais. Se não atingirem estes quantitativos, os partidos políticos ficam sem fundo partidário e sem tempo de campanha na televisão.
Com a filiação da governadora de Pernambuco, o PSD vira o jogo dos governadores comparativamente aos tucanos, passando a três (Raquel, Ratinho Junior, do Paraná, e Fábio Mitidieri, de Sergipe). O PSDB, que tinha um a mais, reduz a dois os executivos estaduais com a perda de Raquel, limitando-se a Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS).
Interessa muito ao PSD, por isso, a filiação de Raquel, numa via de mão dupla, com benefícios de lado a lado, como ressaltaram ao Blog o presidente do PSD em Pernambuco, André de Paula, ministro da Pesca e da Aquicultura, e o ex-senador Armando Monteiro. O partido passa a ter três governadores e inclui Pernambuco em seu portfólio, um estado política, econômica e eleitoralmente estratégico no Nordeste.
Raquel deve encarar uma parada duríssima em 2026 – um prefeito jovem, hábil manipulador das redes sociais, reeleito com 78% dos votos que sonha 24 horas por dia em repetir a saga do pai e do bisavô governadores e perpetuar o predomínio do clã Arraes/Campos na política pernambucana. E ainda por cima com o apoio do presidente Lula e da máquina do governo federal.
Não faz sentido, segundo aliados da governadora, a suspeita do PSDB, implícita em nota do seu presidente, Marconi Perillo, ao Blog Dellas, da jornalista Terezinha Nunes, de que, com sua troca pelo PSD, Raquel esteja querendo aproximação com o governo do PT, ao qual os tucanos fazem oposição.
A suposta aproximação dela ocorreria porque o PSD faz parte expressiva do governo do PT, com três ministros – além de André de Paula, são do partido os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Agricultura, Carlos Fávaro.
Esta “aliança” não deve ocorrer, em primeiro lugar, dizem os aliados, porque é praticamente certo o apoio explícito de Lula à candidatura João Campos. Em segundo lugar, o PSD já decidiu que terá candidatura à Presidência, seja própria, seja apoiando o governador paulista Tarcísio de Freitas, caso ele decida ocupar a vaga da direita com a inelegibilidade de Bolsonaro e desista da reeleição.
O jogo eleitoral pesado de 2026 em Pernambuco começa para valer amanhã, no Recife Expo Center.









