Do G1 — A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (29), que concluiu o inquérito sobre a morte da menina Heloysa Gabrielle Fernandes Nunes, de 6 anos, morta com um tiro no peito em uma ação da Polícia Militar na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco. A corporação também não respondeu de onde partiu o tiro que matou a criança.
O caso aconteceu no dia 30 de março e, 121 dias após o assassinato, a Polícia Civil segue sem repassar informações. Moradores da comunidade, que testemunharam a ação, afirmaram que policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegaram atirando na comunidade.
Questionada pela reportagem, a corporação enviou por e-mail uma nota que diz, em uma única frase: “A Polícia Civil de Pernambuco informa que o inquérito referente ao caso foi concluído com indiciamento e remetido à Justiça”.
A reportagem, em resposta, fez uma série de questionamentos à corporação e à Secretaria de Defesa Social, mas ambas não responderam até a última atualização desta reportagem.

A Polícia Civil, apesar de informar que houve indiciamento no Caso Heloysa, não disse quem foi indiciado, quantas pessoas foram acusadas e se há policiais envolvidos. Também não afirmou os crimes apurados, nem se há pessoas presas pelo crime.
O Ministério Público disse que recebeu o inquérito, mas, apesar de ter sido questionado sobre quem foi indiciado e por quais crimes, não respondeu.
O Caso Heloysa causou uma onda de protestos e muita repercussão, por causa da brutalidade policial apontada pelos moradores da região. Por causa dos protestos, o comércio fechou, as ações de turismo foram paralisadas e o governo de Pernambuco deflagrou uma operação intitulada “Porto Seguro”.
Colocou, em Porto de Galinhas, centenas de agentes de segurança com a justificativa de pacificar a região. Mais de 100 instituições que defendem os direitos humanos chegaram a denunciar à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Corte Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) casos de violência policial no local.

A reportagem fez as seguintes perguntas à Polícia Civil e à Secretaria de Defesa Social:
- Qual é a conclusão do inquérito?
- Quem foi indiciado pela morte da menina?
- Quais crimes foram atribuídos?
- De onde partiu o tiro que matou Heloysa?
- Alguém foi preso devido a esse crime? Se sim, continua preso? Foi atuado por que crime?
- Algum policial foi afastado devido ao ocorrido?
- A polícia também investigou a morte do motociclista, que era testemunha neste caso?
- Caso a investigação sobre a morte do motociclista não esteja concluída, qual é o prazo?
- Caso tenha sido concluída, alguém foi indiciado? Se sim, por qual crime?
- Teria ligação com alguns dos suspeitos do caso Heloysa?
Nenhuma pergunta foi respondida.







