EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes — A impunidade dos empresários Augusto Acioli e Felipe Carreras que tramaram um esquema criminoso para ganhar milhões privatizando parte do São João de Caruaru tem novo capítulo. E dessa vez mais pesado ainda.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acaba de abrir um inquérito civil para apurar a concessão de espaços públicos no Pátio do Forró. Assim, fecha o cerco para detonar o esquema envolvendo a Festa Cheia Produções e Propaganda, dos empresários Augusto Acioli e Felipe Carreras, além do presidente da Fundação de Cultura da cidade, Rafael Martiniano Lins, ex-motorista de Uber é apontado como “operador do esquema” junto Leonardo Leite.
Para quem não lembra, vale refrescar a memória. A Festa Cheia conseguiu, sem licitação nenhuma, uma área especial para montar o Exclusive, um camarote VIP.

Pagou a merreca de R$ 220 mil para ficar com o “filé” do pátio de eventos, durante 19 dias de festa. A dupla de empresários pretende faturar mais de R$ 30 milhões no período.
Desde a saída de Raquel Lyra para disputar o governo, em 2022, a empresa virou “arroz de festa” dos eventos na cidade, agora administrada pelo seu ex-vice e atual prefeito Rodrigo Pinheiro.
Nosso Blog divulgou com exclusividade os termos da denúncia anônima que chegou ao Ministério Público no dia 07 de maio.
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Na mesma segunda-feira, o promotor de Justiça Marcus Alexandre Tieppo Rodrigues determinou a abertura desse inquérito civil para apurar a conduta da Festa Cheia e do presidente da Fundação de Cultura de Caruaru. Sobram problemas e faltam explicações.
Primeiro, a Promotoria de Cidadania pediu, no fim de maio, para a Justiça suspender a venda do Camarote Exclusive, que cobra até R$ 400 por pessoa e garante acesso a uma das áreas principais do evento, a chamada front page, a menos de 5 metros do palco principal.
O caso foi parar na mão do juiz José Adelmo Pereira, que é sogro de Genaldo Bezerra Filho, que é o gerente da Fundação de Cultura. O magistrado negou a suspensão das vendas de camarotes e alegou que “seria um risco muito alto” para o evento.

Também mandou a Festa Cheia pagar, até a última segunda (5), mais R$ 800 mil para poder manter a estrutura. Até agora, não se tem notícia se o dinheiro está ou não na conta do Judiciário.
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Na mesma segunda-feira, o promotor de Justiça Marcus Alexandre Tieppo Rodrigues determinou a abertura desse inquérito civil para apurar a conduta da Festa Cheia e do presidente da Fundação de Cultura de Caruaru.
Sobram problemas e faltam explicações
Na portaria número 01871.000.141/2023, ele afirma que devem ser adotadas as medidas cabíveis legais para a abertura do procedimento. Também nomeou o servidor Gildark Raimundo para atuar como secretário e escrevente. O promotor mandou a Fundação de Cultura de Caruaru enviar “todos os atos/procedimentos administrativos referentes ao uso/exploração dos camarotes tipo A, B, C e restaurantes, indicando a destinação e respectiva motivação”.
O promotor pediu ainda à Fundação de Cultura de Caruaru a relação das atrações dos artistas que irão se apresentar no São João de 2023 e os respectivos contratos. No mesmo texto, determinou o envio de uma cópia da portaria ao Conselho Superior do Ministério Público e ao Corregedor Geral do Ministério Público.
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