Por Taciana Portella — A exposição “Homem-Gabiru, catalogação de uma espécie” foi a última realizada na então Galeria de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em 1991, que reabriu depois como MAMAM. Revisita a Josué de Castro, tendo como base seu livro “Homens e caranguejos”, abriu um amplo debate, com repercussão nacional, sobre a FOME.
O Brasil estava inscrito no Mapa da Fome, situação agravada pelas políticas neoliberais do governo Fernando Henrique Cardoso. A exposição, tão grande a frequência, terminou por ampliar os horários de funcionamento da Galeria, entrando pela noite e abrindo nos finais de semana.
A equipe dos criadores – eu, poeta e produtora do projeto, Daniel Aamot, fotógrafo e Zélito Passavante, artista visual, foi bater no programa do Jô Soares e na famosa revista Manchete, cujo slogan era “Aconteceu, virou Manchete”.
Luísa Erundina era prefeita de São Paulo e Marilena Chauí Secretária de Cultura. Fomos convidados para expor lá e tivemos a 1a edição do livro-catálogo, pela tradicional editora Hucitec, bancada pela SECULT de Sampa.

Essa exposição também foi precursora da Campanha da Fome, de Betinho – com quem estivemos aqui no Recife e do movimento do Manguebeat, sendo citada na classica “Da Lama ao Caos”, da Nação Zumbi – “… e o caranguejo andando pro sul / saiu do mangue, virou gabiru”.
O livro foi adotado na rede escolar pública de São Paulo, tendo uma edição pelo FNE, após ter sido escolhido pelos professores, alem de uma edição alemã.
Todo o trabalho foi realizado em parceria com o Centro Josué de Castro, o que viabilizou também recursos para a realização do trabalho.
Essa mesa na Bienal vai falar disso e de outras coisas, como o poder mobilizador da arte face às injustiças sociais e às ameaças do que sonhamos ser a “humanidade”…









