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Otavio Frias Filho: O diretor de redação que mudou o jornalismo, por Eugênio Bucci

Ricardo Antunes Por Ricardo Antunes
21/09/2019 - 16:35
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Por Eugênio Bucci

Desde que a ditadura militar caiu e deu lugar a uma cambaleante democracia, nenhum diretor de jornal foi tão influente como Otavio Frias Filho. Nenhum outro o alcançou. Alguns, não muitos, também se destacaram, é verdade.

Tiveram momentos de brilho à frente de algumas das nossas melhores redações, essas que escreveram capítulos da História recente deste país sem leitura. Mas Otavio é outra matéria. É diferente. A obra que ele deixou no jornalismo é uma linha ascendente que atravessa quatro décadas, com intensidade e densidade. Essa linha recosturou os ritos práticos da profissão e elevou seus marcos filosóficos.

Nas faculdades, nas redações, na cultura política, o jornalismo não é mais como era, e muito disso se deve a um homem obstinado, inteligentíssimo, de forte vocação artística, um esteta, autor de peças de teatro que ficarão – um homem inflexível, que no fundo era meio bolchevique: Otavio Frias Filho.

O Projeto Folha mudou muito mais do que a própria Folha. Depois dele, o conceito heterodoxo que abespinhava a velha guarda – o jornalismo crítico, plural e apartidário – ganhou hegemonia.

O Projeto Folha moldou a forma de trabalhar de todos os que passaram pela “Folha de S. Paulo” a partir do final dos anos 80 e, através desses, mudou tudo o mais.

Formou algumas gerações de profissionais que, tendo passado por lá e, depois, tendo de lá saído por boas e más razões, se espalharam por outras empresas, disseminando modos inusuais de apurar a realidade, de ler o mundo e de narrar a aventura humana em tempos menos românticos.

A liderança de Otavio representou uma novidade total (o termo “inovação” não conviria) que transformou o pensamento sobre imprensa dentro e fora da Folha.

Os mais velhos tentaram ridicularizar o Projeto Folha. Admitamos: muitas vezes eles tinham razão – havia truísmos patéticos e cacoetes esdrúxulos no Manual da Redação que Otavio impingia sem piedade.

No plano geral, porém, nos compassos mais largos do curso do tempo, os velhos estavam errados. A Folha mudava. Lenta e atabalhoadamente, mudava. Inexoravelmente, mudava. Melhorava. E o entorno também mudava.

Sem que se notasse, a influência da Folha deixava impressões digitais nos diários da concorrência, nas revistas de todos os nichos, na televisão, nas editoras de livros e, mais adiante, e de modo irreversível, no jornalismo digital. O UOL, não nos esqueçamos, nasceu sob a direção inquieta de figurinhas carimbadas da redação da Barão de Limeira, como Caio Tulio Costa, uma das estrelas do Projeto Folha que foi o primeiro ombudsman do jornal.

A imprensa brasileira, como a de outros países, é a resultante de seus transformadores. Júlio Mesquita, nos anos 20, consumou sua meta de livrar “O Estado de S. Paulo” dos alinhamentos automáticos com o velho Partido Republicano e o redefiniu como um diário vibrante, rico e moderno.

Vieram depois grandes empresas jornalísticas, como a Abril e a Globo, sem esquecer o “Jornal do Brasil”, que puseram em marcha pequenas revoluções essenciais.

Otavio no dia do impeachment de Collor

A Folha de Otavio Frias Filho, entretanto, trouxe uma exuberância de fôlego e alcance superiores. A reforma da Folha foi mais duradoura, mais persistente e incomparavelmente mais radical.

É cedo para pormos em perspectiva fatos tão recentes, mas não há mais dúvidas quanto à magnitude da obra de Otavio Frias Filho. Além de cifras e de tiragens espantosas, com alguns recordes de circulação, além do êxito em migrar do impresso para o digital em uma escala impressionante, essa obra nos deixa um legado que os números não descrevem: deixa um legado de ideias vitais.

A vitória do Projeto Folha só pode ser compreendida se tivermos a dimensão das ideias que o moveram. Não foi uma vitória de métricas de qualidade editorial. Não foi uma vitória de gestão. Foi uma vitória de ideias.

Foi o responsável pelo encampamento do movimento “Diretas Já”, em 1984, que pedia eleições diretas para presidente da república, após o fim do mandato de João Figueiredo.

Em 1989 a Folha foi o primeiro jornal brasileiro a implantar a função de um jornalista cuja função era criticar com liberdade a forma e o conteúdo do jornal.

Entre tantas ideias plantadas, falemos de uma só: o pluralismo. Otavio foi o diretor de redação que melhor compreendeu – e implementou – o pluralismo. Uma edição da Folha, hoje, é um banho de pluralismo num grau que os jornais da concorrência demoraram a vislumbrar.

A Folha é o jornal mais plural do Brasil. E, atenção, isso não significa que ela seja uma bagunça babélica que não aponta para direção alguma.

A Folha tem direção, tem valores que são públicos e muito claros, e, mesmo assim, é o diário mais plural do Brasil. Tem articulistas petistas, assim como os têm no campo oposto.

A Folha provou que a diversidade de posições é positiva para a objetividade da informação: deixa o leitor mais esclarecido, e não mais confuso (como resmungam os antiquados).

Depois de Otavio Frias Filho, ninguém mais pode dizer que o pluralismo na imprensa seja um signo de confusão. Expor as diversidades – e as adversidades intelectuais – é parte do papel de um jornal que se pretenda independente, pois isso significa levar ao leitor o pulso das disputas que vertebram a esfera pública.

Um jornal plural é um jornal mais verdadeiro. Principalmente, é mais apartidário – não por acaso, o apartidarismo é um dos pontos cardeais do Projeto Folha.

Otavio falava baixo. Ao telefone, adotava um timbre especialmente grave, em modulação quase gutural, como se falasse com os lábios permanentemente contraídos. Não gritava. Não consta que se permitisse dar esbregues por aí.

Quando dava entrevistas, sua fala era texto final. Era um apreciador do estilo. Escrevia bem como o capeta. Um de seus livros, Queda livre, com reportagens longas sobre temas variados, encanta como uma obra-prima, seja pela elegância da prosa, seja pela desconcertante escolha das pautas (do paraquedismo às casas de suingue), seja pelo arco longilíneo dos raciocínios expandidos.

Otávio Filho na gráfica do jornal

Não era um tipo ruidoso. Dispensava seguranças e andava a pé ou de taxi pela cidade. Não ostentava dinheiro. O luxo para ele tinha cheiro de mau gosto.

No final dos anos 70, no movimento estudantil, flertou com anarquistas. Não promovia algazarras nas assembleias. Não tinha medo do isolamento. Não tinha medo das multidões. Repelia as teses sacralizantes. Desprezava dogmas. Admirava os libertários, os libertinos, os liberais, como se notava no repertório da Folha.

A sua morte acarretará uma tragédia para os que o amaram em vida e para os que, com ele, aprenderam a amar o valor do pluralismo. Embora o resto seja silêncio, haverá muito mais a dizer de Otavio Frias Filho.

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Ricardo Antunes

Ricardo Antunes

Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós-graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelos principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.

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