RIO – O mercado financeiro vive mais um dia de elevadíssimo estresse à medida que os casos de coronavírus não param de crescer no mundo, inclusive no Brasil, colocando em xeque a capacidade das principais economias globais de reagirem e pressionando o dólar. As ações na Bolsa de São Paulo seguem as acentuadas baixas no mercado global, sobretudo em Nova York, e caem mais de 4%, despencando abaixo de 98 mil pontos.
Papéis de empresas como Petrobras e Vale afundam em torno de 7% de desvalorização, diante das aceleradas ordens de venda. Empresas aéreas recuavam mais de 10%. O dólar comercial chegou a bater R$ 4,67 pela manhã, mas após nova atuação do BC estava sendo negociado no meio da tarde a R$ 4,638, baixa de 0,28%.
Os sucessivos recordes do dólar nos últimos dias já impactam a importação de insumos essenciais para expansão da produção brasileira, de acordo com a Associação de Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei). Montadoras de automóveis já apontam risco de interrupção da produção de alguns modelos no mês que vem.
Segundo Paulo Castelo Branco, presidente-executivo da Abimei, que reúne mais de 80 empresas do setor, fábricas paralisaram novos contratos por não saberem até quando o patamar elevado da moeda americana irá permanecer.
– Está todo mundo aguardando, você não vai fazer um trabalho desses se o câmbio pode baixar. O pessoal está com pé no freio. No caso da definição de contrato de uma máquina de US$ 500 mil, com sinal de 30%, uma diferença de 10% no dólar pode fazer toda a diferença no negócio – explica.
O Brasil é um grande importador de bens de capital, como máquinas e equipamentos, essenciais para o avanço da produção brasileira. No entanto, com a queda da confiança do empresariado diante da incerteza dos efeitos do novo coronavírus na atividade global, a decisão de investir em aparelhagem está cada vez mais distante.