Por Ricardo Antunes – Pessoal, achei lindo esse texto do grande Nelsinho Mota que tive a oportunidade de ser apresentado em uma festa no Rio.
Ele é um dos monstros sagrados não só do jornalismo, mas da música, da cultura, do Rio e do mundo também quando participava do Mahhahtan Conection em NY.
Vale a pena refletir seu texto nessa noite de sábado e tenho o prazer de compartilhar com vocês.
Leia:
Como o mundo está cada vez mais pesado, todo mundo quer leveza, em casa, no trabalho, nos relacionamentos amorosos. Ninguem quer alguém, ou um ambiente, pesado, carregado, alguém que lamenta e reclama, que carrega memórias dolorosas. Mas leveza não é superficialidade. É possível ser leve, por temperamento, escolha, estilo, mas ser profundo em suas vivencias e emoções, sem se tornar uma presença, uma convivencia, que transfere para o outro seu peso em forma de pessimismo, queixas, arrependimentos.
É duro manter a leveza enfrentando a vida como ela é, as frustrações, os sofrimentos, desilusões, sem deixar que isso domine e limite sua vontade e seus desejos, como um saco pesando em suas costas. A aceitação do melhor e do pior, as renúncias, os perdões, contribuem para aliviar a carga e seguir viagem, enquanto os rancores, ressentimentos, apego ao passado, a tornam mais penosa e dificultam o encontro do que a torne mais leve.
Mas cada um é como é, não dá para um cabeçorra profundo e controlador se tornar leve e superficial. Há pessoas simples e complexas e nada garante que umas são melhores do que outras. Profundidade sem sensibilidade é um caminho escuro e solitário. Leveza sem consciência, uma sucessão de tolices e leviandades sem final feliz.
Mas quantas pessoas são adoráveis justamente por sua leveza e superficialidade? Riem fácil, mesmo quando não entendem direito, não tem indagações mais profundas sobre a vida, não tem um projeto pessoal a realizar. Apenas vão levando, e sendo levadas. Só não as tenha como conselheiras.
É muito bom conviver com quem tem conhecimentos e experiencias profundas, infinitas histórias para contar, porque estudou, leu muito, viajou, ama as artes, tem objetivos claros na vida, luta pelos seus sonhos. Mas toda essa profundidade de nada vale sem um bom coração, sem empatia pelo outro e sem humor.