Por Luiz Roberto Marinho — Com dois anos e quatro meses de gestão, a governadora Raquel Lyra (PSD) não pisou até agora em Fernando de Noronha, onde obteve 76, 03% dos votos, contra 23,97% de Marília Arraes nas eleições de 2022. A ilha voltou ao noticiário policial com tiros dados por um delegado na perna de um morador por ciúmes da namorada.
Apesar de pequena, com apenas 3.167 habitantes, segundo o Censo do IBGE de 2022, a população da ilha se ressente da ausência dela. Moradores de Noronha se queixam de que, ao não realizar uma visita sequer, quando já percorreu a maior parte dos 185 municípios do estado, a governadora sinaliza pouca atenção ao arquipélago.
Alguns deles afirmam que “a desfeita” de Raquel com pouco mais de três mil cidadãos governados por ela é visível não apenas pela sua ausência física, mas pela troca constante de administrador da ilha e a demora dele em tocar o distrito estadual, Parque Nacional tombado pelo Ibama e Patrimônio Natural Mundial da Unesco.

Uma escolha técnica, a primeira administradora de Noronha na sua gestão, Thallyta Figueirôa, ex-funcionária da Prefeitura de Caruaru quando era a prefeita, foi trocada por outra opção técnica, o biólogo e advogado Walber Santana, secretário-executivo do Meio Ambiente. Sua indicação, porém, foi retirada um dia antes da data marcada para sua sabatina na Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco), em 11 de março.
De olho na sua reeleição, Raquel trocou de última hora Walber pelo advogado Virgílio Oliveira, de 27 anos e nenhuma experiência em administração pública, para assegurar o apoio do Avante na campanha de 2026. Ele é filho do deputado federal Waldemar Oliveira e sobrinho do presidente do Avante em Pernambuco, o ex-deputado Sebastião Oliveira.
Indicado no final de março, Virgílio não foi sabatinado até agora, devido a arestas da governadora com a Alepe. Mais um fator a aumentar a mágoa dos ilhéus com a governadora, Fernando de Noronha está há mais de três meses sem administrador titular. “Vivemos ao Deus-dará”, lamenta um dos ilhéus.