Da Redação do Blog – As ameaças da torcida levaram o presidente do Conselho Fiscal do Santa Cruz, desembargador aposentado Bartolomeu Bueno, a renunciar ao cargo, na tarde desta quinta-feira (3), por haver dado parecer contrário à cessão do Estádio do Arruda à SAF (Sociedade Anônima de Futebol) que negocia a compra do clube.
“Fui vilipendiado moralmente, há ameaças de agressão e até de quebradeira do meu escritório, postam calúnias nas redes sociais”, denunciou ele ao Blog. “Não vou participar dessa ilegalidade”, pontuou, reafirmando que a cessão é ilegal, porque o terreno do estádio é da Prefeitura do Recife e só pode haver a cessão à SAF se houver uma nova lei municipal que altere as cláusulas da doação ao Santa Cruz.
Revelou que em 2011 o grupo Multiplan, um dos maiores do país na área de shopping centers, propôs uma cessão de 35 anos da área social do Santa Cruz para construção de um shopping e o pedido foi negado pela Prefeitura do Recife, na gestão Geraldo Júlio. ‘É o mesmo caso de agora”, pontuou.
No cargo desde a posse do presidente Bruno Rodrigues, em novembro de 2023, Bartolomeu Bueno reafirmou, igualmente, ser também ilegal o desmembramento da sede social, que permaneceria com o clube, e do estádio, que iria para a SAF, conforme o acordo inicial firmado com a Cobra Coral Participações S/A, grupo que comandará a SAF. Segundo ele, o desmembramento não é permitido pela Lei de Registro Público.
De acordo com o presidente demissionário do Conselho Fiscal, pelos termos do acerto inicial, o Santa Cruz está sendo comprado “praticamente de graça”, pois sua única remuneração será uma futura participação de 10% em ações da SAF que ainda serão lançadas.
No acerto inicial firmado com o clube pela Cobra Coral Participações, o total mínimo investido pelo grupo será R$ 100 milhões, sendo R$ 10 milhões em até 24 meses e os R$ 90 milhões restantes em até 156 meses (13 anos) após a transferência do Estádio do Arruda. Dirigentes do grupo informaram que sem a cessão do Arrudão, principal fonte de lucro, com uso para shows, não haverá SAF.
Em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 280 milhões e atualmente na série D, o Santa Cruz não sobreviverá sem a SAF, acredita a esmagadora maioria da torcida. A SAF é defendida também pelo presidente Bruno Rodrigues, mas para ser concretizada, enfatiza Bartolomeu Bueno, terá de superar os entraves legais envolvendo a cessão do estádio.