Do É Notícias – Circula nas redes sociais e em canais de vídeos alternativos um boato de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria ameaçado cortar o acesso do Brasil ao sistema GPS americano. A alegação surge no contexto de uma suposta escalada diplomática entre os dois países, provocada por tarifas comerciais, e sugere que a medida seria uma forma de retaliação contra o governo brasileiro.
As mensagens apresentam tom alarmista, apontando para um possível colapso em setores como aviação, agronegócio, logística e até no sistema bancário brasileiro, caso o acesso ao GPS seja suspenso. Algumas versões dos conteúdos chegam a listar possíveis alternativas que o Brasil teria, como recorrer aos sistemas de navegação por satélite da Rússia (GLONASS), da China (BEIDOU) ou da União Europeia (Galileo), sugerindo que o país levaria de dois a cinco anos para restaurar plenamente suas capacidades de geolocalização.
Apesar do tom de urgência e da linguagem sensacionalista, as alegações são falsas.
Trump não fez a declaração
Não há qualquer registro, em fontes confiáveis, de que o presidente Donald Trump tenha declarado a intenção de cortar o acesso do Brasil ao sistema GPS. Nenhum veículo de imprensa sério relatou essa fala. As informações surgiram em vídeos e textos sensacionalistas nas redes sociais, sem qualquer base documental ou jornalística. Trata-se de uma peça de desinformação que explora temas técnicos e geopolíticos para causar alarme e reforçar narrativas ideológicas.

Trump pode cortar o GPS do Brasil?
Na prática, não. O sistema GPS (Global Positioning System), mantido pelo governo dos EUA, é um serviço de utilidade pública global. O acesso civil ao sinal GPS é gratuito, aberto e disponível a qualquer país, inclusive a nações com relações tensas com os Estados Unidos.
Cortar o sinal seletivamente para o Brasil exigiria mudanças técnicas profundas e afetaria até mesmo empresas americanas que operam no território brasileiro. Além disso, a medida teria repercussões diplomáticas graves e sem precedentes. Segundo especialistas em geopolítica e telecomunicações, os EUA nunca adotaram esse tipo de sanção, mesmo contra países considerados adversários estratégicos.
O que aconteceria se houvesse uma restrição?
Se, hipoteticamente, o Brasil perdesse acesso ao GPS, haveria impacto imediato em setores que dependem de geolocalização de alta precisão — como transporte, aviação, logística e agricultura de precisão. No entanto, o país teria como se adaptar, ainda que com custos e desafios técnicos.
Sistemas como o Galileo (União Europeia), GLONASS (Rússia) e BEIDOU (China) também estão disponíveis globalmente. Além disso, dispositivos modernos já são compatíveis com múltiplos sistemas GNSS (Global Navigation Satellite Systems), o que permitiria uma migração gradual. A adaptação total poderia levar de 1 a 2 anos, dependendo do setor, mas não causaria o colapso generalizado descrito nas postagens falsas.
Conclusão
É falso que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha ameaçado cortar o sinal GPS para o Brasil. A alegação não tem respaldo em fatos, nem viabilidade técnica ou precedentes diplomáticos. O boato se aproveita de incertezas sobre dependência tecnológica para espalhar medo e desinformação. O Brasil continua tendo acesso ao GPS e conta com alternativas técnicas viáveis para garantir sua autonomia em navegação por satélite.