Por Luiz Roberto Marinho – O ex-funcionário da Superintendência da Santa Casa de Misericórdia do Recife Alan Eric de Sousa, que acusou em dossiê o superintendente, padre Claudionor Alves de Lima, de irregularidades administrativas e de promover assédio sexual, tem contra si um boletim de ocorrência (BO) e um processo judicial nos quais é denunciado por tentativa de pedofilia e por danos morais.
O BO, datado do último dia 7 e registrado na Delegacia de Crimes Contra Criança e Adolescente, no bairro da Boa Vista, na área central do Recife, diz que o celular de Alan Eric contém vídeos e imagens de pedofilia e que ele tentou atrair uma criança na Pousada Solar Porto Brasil, em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, onde mora atualmente, sendo impedido pelo autor da denúncia, cujo nome não consta no BO.
Em processo que tramita na 4ª Vara Cível de Curitiba, Alan Eric é acusado de danos morais por haver escrito, em carta distribuída a fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Cabeça, em Curitiba, que o padre Ronã Pinheiro Aguiar Filho o havia assediado sexualmente quando ele era seminarista na Ordem de Santo Agostinho no bairro Novo Mundo, na capital paranaense, onde chegou em fevereiro de 2022.
O padre, que nega veementemente o assédio, relata no processo que Alan Eric foi expulso do seminário em 12 de outubro de 2023, por mau comportamento, que incluía embriaguez e arruaças.

Diante da carta aos fiéis, o padre Ronã Pinheiro Aguiar Filho foi alvo da chamada investigação canônica – uma espécie de investigação prévia – e acabou transferido pela Província Agostiniana do Brasil para a Casa Provincial de São Paulo.
Diz ele na ação que sua imagem “está maculada perante a comunidade católica da Ordem de Santo Agostinho”, embora as acusações de Alan Eric, de acordo com o padre Ronã, não tenham sido comprovadas. Requer retratação pública e uma indenização de R$ 40 mil por danos morais.
No dossiê de 68 páginas que entregou ao Arcebispado de Olinda e Recife, cuja linha central foi divulgada pelo Blog, Alan Eric acusa o superintendente da Santa Casa de haver usado para gastos pessoais o cartão corporativo com o nome do arcebispo Dom Paulo Jackson, presidente da Santa Casa, e de promover assédio sexual de outros padres sobre os servidores da instituição, incluindo ele próprio. Ele se diz perseguido, ameaçado de morte e proibido de tocar na paróquia que frequenta e afirma que não fez as denúncias “por ânimo revanchista”.
Sem mencionar o compartilhamento de imagens de pedofilia, a Santa Casa informa, em nova nota oficial, divulgada nesta segunda-feira (21), que tão logo tomou conhecimento do compartilhamento, demitiu Alan Eric “e encaminhou todas as informações às autoridades policiais para as providências legais”. Em nota ao blog, semana passada, a Santa Casa enfatizara que as acusações são “levianas”, “totalmente infundadas e não condizem com a verdade dos fatos”.

Confira as íntegras da nova nota oficial da Santa Casa de Misericórdia, do BO e da ação judicial que tramita na 4ª Vara Cível de Curitiba.
“A Santa Casa de Misericórdia do Recife informa que não compactua com condutas criminosas e que, tão logo tomou conhecimento do caso envolvendo o funcionário Alan Eric de Souza, adotou imediatamente as medidas cabíveis: afastou o colaborador de suas funções, determinou sua demissão e encaminhou todas as informações às autoridades policiais para as providências legais.
A Santa Casa repudia veementemente crimes dessa natureza e reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência, permanecendo à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e para que os responsáveis sejam devidamente punidos”.
O OUTRO LADO
Não conseguimos contato com Alan Eric de Sousa. O espaço continua aberto a manifestações e a reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.









