Da Folha de S.Paulo – O ministro da Defesa, José Múcio, disse na sexta-feira (5) ter receio de que a fronteira do Brasil com a Venezuela se torne uma trincheira, após a operação dos Estados Unidos em águas próximas do país latino-americano. Múcio referiu-se ao conflito como uma “briga de vizinho”.
“Nós estamos deslocando tropas para a fronteira, pensando na COP30. Pensando em dar uma maior assistência a uma parte da fronteira mais inóspita, mais inaccessível. Aí, de repente, estourou esse problema”, afirmou.
“Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira, para que ela não sofra, não se transforme, a nossa fronteira, numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas nas nossas Forças para defender o nosso patrimônio, não é de olho na terra de ninguém.”
“Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que eles mexam no meu muro, não quero que eles tirem a fiação que acende a frente da minha casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe. Evidentemente, eles devem ter os seus motivos”, disse ainda o ministro.
As declarações foram dadas a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receber o ministro e comandantes das Forças Armadas para um almoço. Realizado às vésperas das comemorações do 7 de Setembro, o encontro foi “fraterno”, de acordo com Múcio, e temas como o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) não foram abordados.
O governo Donald Trump enviou três destróieres da classe Arleigh Burke, um cruzador da classe Ticonderoga e um submarino nuclear para as águas caribenhas próximas à Venezuela em um movimento de pressão ao regime de Nicolás Maduro, com a justificativa de combater o narcotráfico na região. Ao todo, são mais de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais e capacidade de lançamento de mais de 400 mísseis.
Juntos, os navios de guerra têm mais poder de fogo que toda a Venezuela. Na sexta-feira, a crise escalou com a revelação de que Trump ordenou o envio de dez caças avançados F-35 para Porto Rico, território americano no Caribe, para participar do que Washington chama de missão contra o narcotráfico.









