Do UOL – Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, foi levado para uma delegacia pela polícia da Itália hoje. Ele estaria sujeito a uma determinação da Justiça italiana de restrição de deixar a cidade onde está atualmente no país.
A ordem não tem relação com o pedido de extradição de Tagliaferro feito por Moraes ao país europeu. O UOL apurou que não haveria ordem de prisão contra ele expedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A informação foi revelada pela revista Veja e confirmada pelo UOL.
O ex-assessor já foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por vazar informações sigilosas e tentar prejudicar as investigações envolvendo os atos golpistas de 2023.
Moraes pediu a extradição dele em agosto. Como não foi condenado pela Justiça brasileira, Tagliaferro não estaria sujeito à prisão na Itália para ser extraditado, como ocorreu com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
O ex-assessor de Moraes vinha fazendo campanha contra o ministro a partir do exterior. Ele participou por videoconferência de audiências no Congresso. Em uma delas, afirmou que um relatório do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teria sido fraudado para justificar uma operação policial determinada pelo ministro quando ele era também presidente do tribunal, em 2022.

Especialista em informática, ele foi auxiliar de Moraes no TSE, atuando no órgão de combate às fake news da corte eleitoral. Tagliaferro deixou o cargo no gabinete do ministro após ser preso por violência doméstica. Ele foi detido em 9 de maio de 2023 e exonerado do cargo no TSE no mesmo dia. Dias depois, seu amigo entregou à Polícia Civil de São Paulo o aparelho telefônico do perito. Como mostrou a colunista Letícia Casado, do UOL, o boletim de ocorrência suspeita de violência doméstica contra a esposa.
A Folha revelou uso informal da estrutura do TSE para abastecer investigações no STF. Série de reportagens mostrou diálogos entre Tagliaferro e o juiz Airton Vieira, que atua com auxiliar do gabinete de Moraes no STF. Mensagens mostram o magistrado pedindo, via WhatsApp, a produção de relatórios sobre postagens de pessoas que estavam sob investigação no inquérito das fake News, sob relatoria de Moraes no Supremo.
Relatórios foram utilizados na investigação do STF para embasar medidas contra os investigados. Segundo a Folha, nem sempre os documentos eram formalizados como relatórios produzidos no TSE e, em alguns casos, Airton Vieira pediu alterações ou mesmo passou instruções sobre como os relatórios deveriam ser produzidos. O próprio Vieira havia admitido, em mensagens reveladas pelo jornal, que os pedidos poderiam levar a questionamentos.









