Por Ricardo Antunes – O deputado federal e presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, tem dito a amigos próximos que sua pré-candidatura ao Senado em 2026 está condicionada a quem lhe der mais apoio. Meia palavra basta, quando se sabe do pragmatismo do parlamentar: ele, que hoje está com a governadora Raquel Lyra (PSB), já não descarta mudar o barco e ir para o palanque do prefeito João Campos (PSB).
Com as pesquisas de intenção de voto desfavorecendo a governadora, Dudu, como é conhecido, tem dito que está ajudando na governabilidade. Com isso, evita declarar a condição de “aliado incondicional” da governadora, o que saiba-se que ele nunca foi, embora detenha cargos relevantes na administração dela. O secretário de Turismo, Kaio Maniçoba, e comandos no Ceasa, Detran e Lafepe são alguns da cota pessoal de Dudu.
Ao mesmo tempo em que está no governo estadual, o deputado progressista nunca fez qualquer crítica dura à gestão do opositor João Campos, do qual já foi aliado em tempos passados, com cargos em repartições da Prefeitura do Recife, e com quem tem relações afáveis, uma de suas marcas pessoais e políticas.
No recente convescote promovido por Jamildo Melo, Dudu se permitiu fotografar em conversas ao pé de ouvido com a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade), prima do prefeito, que também sonha em disputar o Senado e que voltou a se aproximar de João Campos. Marília foi adversária de Raquel no segundo turno do Governo em 2022, sendo derrotada de forma acachapante.

Na ocasião, ela recebeu o apoio do PSB, enquanto Dudu matreiramente olhou o sopro da biruta e subiu no palanque de Raquel.
Com oito deputados estaduais, todos governistas, além de 15 prefeitos, verbas eleitorais polpudas e extenso tempo de TV como presidente local da federação União Progressista, Eduardo da Fonte é visto nos meios políticos de Pernambuco como a noiva cobiçada da eleição.
Uma eventual saída dele da base governista implodiria a candidatura de Raquel, que não tem partidos pujantes gravitando em torno de seu governo.
Siglas como MDB e Republicanos, além da federação PT/PCdoB/PV, rondam o virtual palanque de João. Já o PL deixou de fazer parte do governo e ainda não recebeu um gesto de aproximação. Considerando as siglas com mais de 40 deputados, Raquel só dispõe do seu próprio PSD.
Perder a junção de PP e União Brasil, que detém quase 110 parlamentares federais, seria praticamente “caixão e vela preta”, como se diz no jargão popular.
Todavia, os caminhos majoritários para Dudu se mostram mais fáceis do lado da governadora. No campo de João, está praticamente assegurada a candidatura do senador Humberto Costa (PT) à reeleição, enquanto o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União), o ministro Sílvio Costa Filho (Republicanos) e Marília Arraes já disputam a segunda vaga.
Do lado da governadora, não há nomes garantidos. O senador Fernando Dueire sonha se colocar, mas não tem o comando do MDB, que já anunciou posicionamento ao lado de João Campos. Nem muito menos voto nenhum.
O ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), também não tem sinalização de Raquel.
A dúvida é, portanto, se o projeto de senador de Dudu será levado a frente. Isso porque ele encenou a mesma coisa em 2018 e 2022, mas negociou espaços e prefeituras à época com o então governador Paulo Câmara (PSB). Inclusive no último pleito garantiu prefeituras e bases para se eleger e eleger seu filho, Lula da Fonte (PP), ambos para a Câmara Federal.
Ou seja, nada impede de novas costuras para garantir os dois mandatos e contabilizar dobrado as emendas parlamentares para atender prefeitos. Nisso, ele é craque, uma unanimidade na seara política.









