Por Luiz Roberto Marinho – A Prefeitura do Recife instaurou processo administrativo contra o condomínio de alto luxo BMRX Loft, na Estrada do Encanamento 827, em Casa Forte, bairro nobre da Zona Norte, erguido pela construtora Haut, por haver constatado não ter habite-se, irregularidade verificada também na ocupação de dois apartamentos, o 301, duplex, e o 801, triplex.
A abertura dos três processos administrativos foi divulgada no site g-con, plataforma de gestão do conhecimento e acesso à informação da Prefeitura do Recife. Informa a plataforma que os processos foram instaurados pela Regional Norte da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento.
Os processos foram abertos após denúncia do blog, em agosto, segundo a qual o condomínio estava com unidades à venda sem possuir licenciamento. No terreno onde foi erguido, informaram moradores da área, consta no ESIG, o site de imagens geográficas da Prefeitura do Recife, uma área com casa demolida.

Certidão do 6º Ofício de Registro de Imóveis revela que a construtora Haut averbou, em 5 de dezembro de 2022, a demolição da casa existente no número 827 da Estrada do Encanamento. De acordo com vizinhos, a manutenção da imagem do ESIG com a casa demolida seria a comprovação de que o prédio construído no local não estaria registrado em cartório.
O condomínio BMRX Loft possui sete apartamentos duplex, com 268m², ao preço em torno de R$ 2,5 milhões e taxa de condomínio de R$ 3.500 mensais. O último andar é uma cobertura tríplex.
A descrição de um dos imóveis em oferta em sites detalha o andar superior com três suítes, uma das quais master, sala e espaço para escritório, e no andar de baixo elevador e piscina privativas, varanda e espaço gourmet. Há três vagas de garagem.
O site g-con da Prefeitura do Recife dá os nomes dos ocupantes das duas unidades – os casais Marcelo Piquet e Denise Piquet, do apartamento 301, e Valdemar Carolino Azevedo Bezerra e Marcela Ferraz Costa, do número 801, que é a cobertura do BMEX Loft, um tríplex.
Valdemar Carolino é próspero empresário, dono de quatro empresas, entre as quais uma construtora, a Habitat, e as restantes nos setores de comércio atacadista de adubos e defensivos agrícolas, consultoria empresarial e fabricação de rações, revelam sites especializados em CNPJs.
Informações não confirmadas do mercado imobiliário comentam que Valdemar Carolino seria o real comprador da Haut Incorporadora & Design, do arquiteto Thiago Monteiro, adquirida em nome do engenheiro Marcelo Brandão, negócio registrado em 25 de março último na Junta Comercial de Pernambuco, segundo declaração do próprio Brandão ao blog.
Como já divulgou o blog, a Haut Incorporadora & Design enfrenta mais de 40 ações no TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco) e na Justiça do Trabalho por imóveis vendidos e não concluídos no Pina e em Boa Viagem, na Zona Sul, e em Poço de Panela, área nobre da Zona Norte, e por dívidas trabalhistas não quitadas.
Conforme postou o blog, uma dessas ações, na 1ª Vara Cível do Recife, condenou o arquiteto Thiago Monteiro, fundador da Haut, a devolver à aposentada Girley Simões R$ 320,6 mil que ela pagou em 2021 por dois apartamentos conjugados não entregues, no Pina, mais multa de R$ 160,3 mil, num total de R$ 520,9 mil. A sentença foi assinada pelo juiz Cláudio de Sá Barreto Sampaio.
O OUTRO LADO
Não conseguimos contato com os ocupantes dos dois apartamentos do condomínio BMRX Loft e nem com o engenheiro Marcelo Brandão. O espaço está aberto a manifestações e a reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.








