Com informações da Assessoria de Imprensa — Promovido desde 2003, o Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira valoriza e proporciona a criação de produtos audiovisuais destinados à utilização em processos educacionais alinhados às diretrizes do Ministério da Educação. Estimula também a produção independente de documentários e cria oportunidades de formação de público.
O resultado da 14ª Edição do Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira – organizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) por meio da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) – foi publicado no Diário Oficial da União. Os roteiros que venceram a disputa foram do Nordeste: “Céu de Lua, Chão de Estrelas”, dos autores pernambucanos Camilo Lourenço e Orun Santana, e “Cidades Invisíveis”, do autor baiano Reinofy Borges.
O concurso abordou o tema “As Múltiplas Faces do Brasil”, uma abrangente temática com nuances e generalidades que caracterizam o povo brasileiro. Ao todo, 27 roteiros foram inscritos, todos inéditos e originais. Projetos de vários estados do país concorreram a premiação, como Pernambuco, Bahia, Paraíba, Minas Gerais, Santa Catarina, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro.
Com a escolha dos roteiros, o próximo passo é executá-lo para que depois a Fundaj realize o lançamento dos documentários em curta-metragem. Os ganhadores ainda receberão um prêmio de R$ 80 mil, verba destinada para a produção dos filmes.

A dupla recifense Camilo Lourenço e Orun Santana comentou sobre o trabalho “Céu de Lua, Chão de Estrelas”.
“O concurso Rucker Vieira é importante para promover filmes documentários, gênero essencial para representar olhares plurais sobre a complexa realidade brasileira. Inspirado nas provocações estéticas do espetáculo “Meia Noite”, de Orun Santana, que assinará o filme comigo, nosso projeto busca captar e entender a atualidade através do movimento do corpo como resistência e afirmação cultural e identitária negra, ao abordar a história da família Santana, do Centro Daruê Malungo e da comunidade Chão de Estrelas, na Zona Norte do Recife. Acredito que o cinema é capaz de expressar os não-ditos de histórias oficiais, já que, além de observacional, ele nos conduz por meio da subjetividade de corpos, espaços e temporalidades”, destacou Camilo.
Nascido e criado na comunidade de Chão de Estrelas, no Recife, Orun Santana não vê a hora de tornar o projeto real, físico e visual para que ele se perpetue. Ele ressaltou que o roteiro carrega sua identidade, da família e da própria comunidade. O cotidiano, os personagens e as raízes históricas e culturais das periferias são retratados no trabalho.
“Para mim, para meus pais e para todas as comunidades a criação do documento artístico é de extrema importância. É algo muito representativo. O roteiro foi construído em cima da história do Centro Daruê Malungo, um lugar onde cresci e que faz parte da minha história. Tudo foi pensado e inspirado na vivência que construí individualmente. Sou da área da dança, então foi desafiador elaborar o roteiro com Camilo. O trabalho é um pouco do que é Daruê, sinônimo de resistência e da negritude. Daruê, por exemplo, faz parte da cultura pernambucana antes mesmo do movimento manguebeat e negro em Olinda e no Recife. O nome Chão de Estrelas, que é poético, por si só já conta muito do que é a realidade das periferias. Então, a gente trouxe essa relação da própria história do bairro para o roteiro”, disse.

Reinofy Borges, natural de Catu/BA, escreveu o projeto de maneira despretensiosa. O curioso é que ele desenvolveu o roteiro “Cidades Invisíveis” simultaneamente com suas corridas de Uber.
“Entre a escrita do projeto e a aprovação muitas coisas mudaram – menos gente na rua, máscaras, notícias, número de mortos – e certamente o olhar das pessoas sobre o mundo também mudou em relação à cidade, países, vida e morte. Os parâmetros estão postos e, se ao escrever o projeto, eu podia vislumbrar com relativo grau de precisão os perfis de passageiros (e respectivos discursos) que eu iria encontrar. Agora tudo será novo para mim: sei que vou buscar ‘As Cidades Invisíveis’, mas os habitantes já estão transformados em 2020”, declarou.
Rucker Vieira
O fotógrafo e cineasta pernambucano nasceu na cidade de Bom Conselho, no Agreste do estado. Rucker Vieira (1931-2001), nome de referência do cinema brasileiro, trabalhou na Fundação Joaquim Nabuco como fotógrafo e cinegrafista. Ele também foi diretor e um dos responsáveis pela criação da Filmoteca na década de 1970. No início da década de 1980, passou a ser Cinemateca da Fundaj, reconhecida nacionalmente principalmente pelo seu acervo sobre o Ciclo do Recife e o cinema pernambucano.







