Por Luiz Henrique Piauhylino Monteiro — A Comédia Humana é uma das mais belas obras francesas, uma mistura de humor, romance e intrigas que giram em torno de diversos personagens em seus 89 valiosos volumes, concebida pelo grande escritor e filósofo francês Honoré de Balzac. Tenho-no citado constantemente em meus artigos, tamanha a minha adoração à sua sapiência e capacidade em criar, desenvolver e inclusive destruir envolventes personagens que se assemelham a pessoas atuais, de nosso cotidiano, acreditem.
La Femme de Trente Ans, A Mulher de Trinta Anos é talvez considerado um dos mais importantes livros da obra A Comédia Humana, pois nele o autor explora através de uma personagem de nome Julie, com sua visão muito à frente do seu tempo, abordando questões feministas discutidas com vigor, a exemplo da autonomia feminina, tema já bastante complicado à época (século XIX) na Europa, mas que atualmente vem ganhando notoriedade (legitimamente), cada vez maior. Voltando à nossa personagem Julie, uma bela jovem francesa, esta decide casar-se muito cedo com um coronel do exército napoleônico, contrariando demasiadamente seu pai. Ela, como muitas mulheres de nossa atualidade, tinha em seu insípido marido um incapaz de discernir com clareza a diferença entre sua esposa e seu cavalo.
O que se sabe é que Balzac respaldava o casamento e repudiava a leviandade da mulher. “O amor é a poesia dos sentidos, ou é sublime ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia”, pontuava. Mas não há registro da atrocidade do feminicídio por parte de Vitor d’Aiglemont, marido de Julie, ao contrário dos dias atuais, quando muitas mulheres são presas e espancadas por seus próprios cônjuges, namorados, companheiros, ou como os queiram rotular. E, ao contrário disso, em geral os homens são escolhidos apaixonadamente pelas suas mulheres como seus companheiros, com um único objetivo: serem amadas! Os homens atualmente sofrem de uma total incapacidade de compreender a sutileza feminina. “Para um homem apaixonado, toda mulher vale o quanto ela lhe custa”, afirma mais uma vez o célebre Balzac, que em sua reputação de grande conhecedor do coração feminino, nunca escondeu sua preferência pelas mulheres mais velhas, com as quais preferia se relacionar, daí advindo o famoso adjetivo que qualifica mulheres acima de trinta anos de idade: “balzaquiana”. O célebre autor francês afirma que toda mulher a partir dessa idade desenvolve a sua sutileza, delicadeza, seu cheiro, seu toque, a forma perfeita de ser amada. “A felicidade só cria recordações”.

E neste contrassenso do amor entre um homem e uma mulher, um mistério divino, emerge uma discursão perniciosa, o aborto! Enquanto a medicina avança em sua luta por salvar vidas e na terapêutica do transplante de órgãos para manter viva uma alma de Deus, paradoxalmente assistimos inertes às tentativas atrozes de retirada do direito à vida de uma alma também divina que não tem culpa alguma de ter sido gerada. Mas, então o que fazer diante da insana decisão da ministra Rosa Weber? Calar? O grande filósofo espanhol Miguel de Unamuno afirma que: “Calar a verdade é a mais sutil maneira de mentir” e, a meu ver, ao calar diante desta discursão estaremos mentindo, blefando para nós mesmos, para nossos filhos e, principalmente, perante a Deus.
A personagem balzaquiana teve uma vida sofrida. Suportou todo tipo de violência física e moral, até morrer de tristeza, mas disse não ao aborto mesmo que, no futuro, tenha sido negada pela própria filha. Balzac foi um precursor do feminismo à época ao narrar a heroína Julie, uma mulher infeliz com problemas em sua vida amorosa face ao fracasso de seu casamento.
Como católico apostólico, sou contra o aborto e qualquer tipo de adultério. O nascimento de minha filha foi o maior e mais emocionante momento de minha vida após subir ao altar com minha esposa para o nosso elance matrimonial e, quanto a isso, mais uma vez incansavelmente pontuo Honoré de Balzac. “É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher por toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música”.
Concluo assim com um doce poema de amor que meu querido e saudoso avô, Dr. José Piauhylino de Melo Monteiro, advogado e também ex colunista frequente deste prestigiado jornal, dedicou ao final de sua vida à sua eterna e amada Maria José, com quem foi casado por nada menos que 60 anos e nos deu grandes lições de amor.
“A solução”
“Nós dois somos meio doidos. Você doida por amor e eu doido por você e pelo seu amor. E se o amor lhe faltar, não sei como vai ser. Você sem amor não vive e sem você não vou viver. Só vejo um único caminho para tudo resolver, juntar seu amor a mim e eu me juntar a você.”
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*Luiz Henrique Piauhylino Monteiro é Economista, Pós Graduado em Gestão de Empresas e Piloto de aeronaves Airbus, A320,A321,A380, LearJet 60 – SGSO – Safety