Do g1 – A agricultora aposentada Josefa Minervina dos Santos, de 65 anos, não teve bonecas durante a infância. Vinda de uma família com 15 irmãos, com pai e mãe agricultores, o brinquedo era um luxo que não lhe pertencia. Já adulta, o sonho de criança virou uma coleção com mais de 400 bonecas, segundo dona Dedé, como é mais conhecida.
“Quando eu era pequena, eu pelejava para conseguir uma e não conseguia. Depois, de uns dez anos para cá, as meninas foram querendo celular e não querendo mais a boneca”, contou a aposentada, que passou a ganhar brinquedos de vizinhos e de outras pessoas de Amaraji, na Zona da Mata de Pernambuco, onde mora.
Viúva, dona Dedé tem três filhos, sete netos e três bisnetos. Na cidade, ficou conhecida como “a mulher das bonecas” e recebe os brinquedos que as meninas não mais querem. A coleção, com os anos, foi ficando cada vez maior.
A aposentada não sabe ao certo quantos brinquedos têm, diz ter perdido as contas, mas sabe bem a história de cada uma. A primeira da coleção, Branquinha, foi encontrada no lixo, há 20 anos atrás. “Eu fiquei besta quando vi uma boneca desse tamanho no lixo”, relatou.
Desde a primeira, outras muitas foram ganhando lugar no quarto rosa dedicado à coleção. As prateleiras, cobertas com plástico para não empoeirar, guardam muitas histórias e, apesar de aparentarem estar cheias, há sempre espaço para mais uma, garante a aposentada.

Parte da coleção foi fruto de doação. Outra parte, como o boneco Terêncio, veio do lixo ou foi montadas aos poucos. “Quatro anos eu passei para achar o corpo dele”, relatou.
Na velha máquina de costura, a agricultora aposentada faz os reparos e também cria roupas exclusivas para os brinquedos. As bonecas ganham também acessórios, como óculos, colares e sapatos, tudo feito com muito carinho.
Além da paixão por bonecas, dona Dedé cultiva em plantas em dezenas de vasos, fruto dos anos como agricultora. Nas paredes da sala de casa, há imagens de santos até o teto. “Eu sou devota de muitos, gosto de todos. Mas a minha preciosa é Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, diz.
Morando com um gato, Capucho, e um cachorro, Madruga, a aposentada garante que é feliz. “Graças a Deus, hoje eu sou feliz. Para mim, foram os anjos do céu que Deus mandou para a minha casa”, diz sobre as pessoas que a incentivam com a coleção.







