EXCLUSIVO, por Ricardo Antunes — O passado político conturbado, com nove processos judiciais em tramitação pela gestão na Prefeitura de Palmares, na Zona da Mata, não impediu a boa vida e a ostentação do hoje comodoro do Cabanga Iate Clube, Altair Junior. Ele costuma usar com frequência no clube uma lancha Pershing 55, adquirida pela bagatela de R$ 2 milhões em transação suspeita.
Registros da lancha na Capitania dos Portos de Pernambuco informam que comporta oito passageiros e foi adquirida em São Paulo. Antes batizada de “Dacha”, a embarcação, na qual Altair Junior costuma levar os amigos para longos passeios no mar, agora se chama “Sezz”.

Os documentos da Capitania dos Portos registram que a lancha foi adquirida em 12 de setembro de 2014, por R$ 2,7 milhões, de uma empresa de Jaboticabal (SP) pela empresa Londres Administração e Empreendimentos, que tem quatro sócios, um capital de R$ 20,3 milhões e sede no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. Posteriormente, a lancha foi revendida à empresa JCS Participações, em 19 de janeiro de 2022, por R$ 2 milhões.
A JCS Participações, sediada num edifício no bairro de Ilha do Leite, no Recife, próximo ao Cabanga Iate Clube, pertence a João Antônio Fernandes Bezerra, filho de Altair Junior. Detalhe: tem capital social registrado de R$ 10 mil e foi aberta em 5 de janeiro de 2022, apenas duas semanas antes de adquirir a Pershing 55 por R$ 2 milhões.

Prefeito de Palmares entre 2017 e 2020, Altair Junior foi eleito em janeiro último como comodoro para mandato até 2025. Era o cargo que lhe restava, pois está inelegível para funções públicas por irregularidades na gestão na prefeitura, da qual chegou a ser afastado por 90 dias pela Câmara de Vereadores, em 2019.
O comodoro que expulsou do quadro de sócios, sem direito à defesa, o empresário Eduardo Bezerra Leite, o Eduardo Ventola, e o filho dele, Edgar Epitácio, por uma briga num dos banheiros do clube com o empresário Fernando da Fonte, que absolveu, está se defendendo até hoje de nove processos na 1ª e na 2ª Vara Cível de Palmares, na 1ª Vara Criminal do município e na 26ª Vara Federal,
Entre os processos, consta denúncia de que criou uma situação de emergência artificial para justificar contratações sem licitação e renovação indevida de contratos da prefeitura. Num outro processo, é acusado de ter usado funcionários da prefeitura para serviços particulares em sua residência, causando um prejuízo aos cofres municipais da ordem de R$ 53 mil.

O Outro Lado
Tentamos ouvir, sem sucesso, o comodoro Altair Júnior. O espaço está aberto a manifestações e esta reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.