Da Redação do Blog – Um fim de semana daqueles para esquecer. E, ao mesmo tempo, para fazer pensar. O incêndio do Mercado da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, deixou expostos problemas graves, mas que nem sempre são encarados como deveriam. Os laudos periciais ainda não saíram, mas há indícios de que tudo começou com roubo de fios, responsável por um curto-circuito, na manhã de domingo.
Depois, aconteceu uma série lamentável de fatos: os hidrantes da área não funcionavam e os telefones dos bombeiros não atendiam, segundo as denúncias de moradores e comerciantes, que acompanharam atônitos e sem pode fazer nada as tristes cenas de destruição. E, depois de tudo, é preciso explicar como isso aconteceu.
Não foi a primeira nem será a última que ladrões roubam fios e cabos para revender. Isso acontece todos os dias, em grandes ou pequenas quantidades. Os prejuízos ficam sempre para o cidadão, que fica sem energia, rede de internet e sofre com curtos-circuitos, como o que, tudo indica, destruiu o mercado.
A polícia, vez por outra, prende um ladrão aqui e uma quadrilha ali. Mas ainda não conseguiu agir, de forma eficaz, para acabar com essa prática. Afinal, roubam fios porque tem quem compre.
Então, é necessário acabar com essa cadeia, tirando de circulação os grandes receptadores e não só levando para o presídio quem corta o cabo pendurado no poste, no meio da rua.
A série de coincidências trágicas ocorrida no momento do incêndio exige investigação profunda. Como não havia hidrantes na área? Estavam quebrados ou faltou água? Será que isso acontece só na Encruzilhada? Os bombeiros estão, de fato, bem equipados para lidar como um incêndio daquele porte?
A prefeitura do Recife disse que os sistemas de combate a incêndios não estava com problemas. Afirmou, ainda, que os extintores do centro de compras acabaram de ser renova dos em 25 de agosto. O que houve?
E ainda tem a denúncia sobre dificuldade para ligar para o número de emergência dos bombeiros. O que aconteceu com o 193 e com o 190? Até as 11h30 de domingo, moradores e comerciantes do bairro disseram que essas chamadas não completavam de jeito nenhum.

Há informações de que a primeira viatura só chegou meia hora depois do início do fogo, que consumiu dez boxes e, felizmente, não deixou vítimas.
Ao relatar o problema da falta de comunicação com os fones de emergência, a Secretaria de Defesa Social (SDS) falou em falha provocada pelo “rompimento” de cabos de fibra ótica “causado por vandalismo”.
E, antes de qualquer associação com o possível furto de cabos, a Polícia Militar disse, no entanto, que não houve nenhum registro de crime desse tipo no bairro.
E aí fica a pergunta: o que causou o desligamento do sistema? Isso pode acontecer de novo, sem que as autoridades tomem conhecimento, mais uma vez?
São vários os questionamentos que o novo secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, vai ter que encarar nos primeiros dias de serviço. Quem sabe, ele não começa explicando o que já pode ser explicado.
É muita coisa ao mesmo tempo para a “reestreia” de Alessandro Carvalho. Ele foi acionado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), depois da demissão da delegada federal Carla Patrícia Cunha, mais uma vítima do “vendaval” que passou no primeiro escalão nas últimas semanas.
Carvalho foi do governo do PSB, tem resultados questionáveis na gestão da segurança pública, mas foi acionado pelo governo tucano, que prometeu que “tudo seria diferente”.
O novo titular da pasta também poderia aproveitar e falar sobre a falta de policiamento na área do Museu de Arte Moderna (MAMAM), no Centro do Recife, alvo de roubo também no fim de semana. O grupo teatral Magiluth teve prejuízo de R$ 30 mil em equipamentos levados por bandidos.
Como é um espaço é gerenciado pelo município, que sabe a prefeitura do Recife também não ajuda e falar os motivos pelos quais a guarda não conseguiu impedir o crime. A população quer saber.









