Por Tales Faria colunista do UOL
O presidente Jair Bolsonaro acha que a queda de sua popularidade apontada nas pesquisas “é passageira” e será revertida com uma melhora na economia, especialmente a partir do ano que vem.
O blog conversou com um interlocutor assíduo do presidente. Segundo ele, as estocadas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) são consideradas pelo chefe do Executivo como “absolutamente irrelevantes”.
“O que importa é que a reforma da Previdência e projetos de ajuste serão aprovados. Isso azeita a economia e o maior beneficiário é o governo”, tem dito Bolsonaro a seus interlocutores.
Há uma avaliação entre agentes econômicos de que, se a reforma for aprovada neste primeiro semestre, o Banco Central voltará a baixar a taxa básica de juros (Selic) e isso evitará mais recessão. Depois, quando o Senado aprovar o texto em definitivo, aí sim, poderá haver um início da retomada da economia, mesmo que lento.
Rodrigo Maia admite que as reformas previdenciária e tributária são prioridades do Congresso.
Embora esteja em uma fase de desentendimento público com o presidente da República –e até com o ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem é amigo pessoal–, Maia está prisioneiro de seus aliados no mercado financeiro e de seu próprio discurso em favor do ajuste.
As manifestações do próximo domingo (30) foram convocadas em defesa da Lava Jato e do ministro da Justiça, Sérgio Moro, este também um desafeto do presidente da Câmara. A expectativa é de que haja protestos e críticas generalizadas ao Congresso e aos políticos.
Isso aumenta a irritação de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do chamado Centrão do Congresso com o Palácio do Planalto. Especialmente porque o grupo, liderado pelos dois chefes do Legislativo, atribui ao mandatário do Executivo o incentivo aos ataques aos políticos. Tanto nas redes sociais como nas ruas.
Mas Bolsonaro acha que as pressões jogam a seu favor.
Maia tenta assumir as reformas como obra exclusiva do Congresso, liderada por ele. Já o presidente da República avalia que, com as pressões, pode dizer que qualquer reforma só foi aprovada porque a população estava a seu lado. E, depois, pode ainda criticar o mérito das alterações promovidas pelo Congresso no texto original do governo.
“Só não foi melhor porque o Congresso não deixou”, será o discurso dos aliados de Bolsonaro.
A grande preocupação do presidente não é com Rodrigo Maia, segundo este auxiliar. É com Paulo Guedes.
Bolsonaro teme perder seu “Posto Ipiranga” da economia, caso o ministro resolva deixar o cargo por discordância com o texto da reforma a ser aprovado pelo Congresso.
Maia tem aproveitado para dar umas estocadas em Guedes. “O sapo morre pela boca”, chegou a declarar a propósito das críticas do ministro a forma fisiológica como os deputados tentam negociar com o governo.
O trabalho do presidente é no sentido de convencer o ministro de que, neste primeiro momento, o governo que trabalhar com o que dá para ser aprovado no Congresso. Depois, com uma melhora nos índices econômicos e a retomada da popularidade, será possível pressionar novamente os políticos para novos avanços.
Tudo junto e misturado, o fato é que Bolsonaro não pretende mudar sua estratégia de “morde e assopra” com o Congresso, “ora cedendo um carguinho, uma verba, ora batendo”.
O presidente acha que, assim, deixará o Centrão e seus líderes, principalmente Maia e Alcolumbre, no canto do ringue.







