Com informações do O Globo
OSAKA, Japão — O presidente dos EUA, Donald Trump , disse nesta sexta-feira que Jair Bolsonaro é “muito querido pelo povo brasileiro”, em uma troca de elogios mútuos no início de uma reunião bilateral em Osaka, no Japão, durante a cúpula do G-20, as 20 maiores economias do mundo. Foi o segundo encontro entre os dois presidentes, que se encontraram pela primeira vez durante a visita oficial do brasileiro a Washington, em março.
— Ele é um homem especial, está muito bem, muito amado pelo povo do Brasil — disse Trump.
Bolsonaro respondeu reiterando o apoio à reeleição de Trump em 2020, gesto pouco usual na diplomacia e que ele já havia feito na viagem aos Estados Unidos:
— Eu sou um grande admirador há muito tempo, inclusive antes de sua eleição. Eu apoio Trump, apoio os Estados Unidos, eu apoio sua reeleição.
O presidente brasileiro também convidou seu par para visitar o Brasil, até mesmo antes do pleito. O americano respondeu que pretende fazer uma visita, mas uma data não foi estipulada.
Segundo nota emitida pela Casa Branca, durante a reunião Trump declarou apoio à agenda econômica de Bolsonaro e voltou a apoiar a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Também estiveram na pauta discussões sobre a crise na Venezuela e sobre a guerra econômica entre os Estados Unidos e a China.
Segundo a nota, os dois conversaram “sobre os riscos associados às atividades chinesas no Ocidente”, uma possível referência à pressão americana para que os demais países não permitam que a companhia chinesa Huawei participe da implantação de suas redes de internet móvel 5G.
Na véspera, ao chegar a Osaka, ao ser questionado se o Brasil tinha lado na guerra comercial entre EUA e China, Bolsonaro retrucou com um “não”, e acrescentou que ao Brasil interessa a paz.
— Não queremos que haja briga para a gente poder se aproveitar. Estamos buscando paz e harmonia, como estamos trabalhando aqui a questão do [acordo] Mercosul e União Europeia — disse.
O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, que visitou a China em maio, disse recentemente que o Brasil não vê razões para impor restrições à Huawei. Já o chanceler Ernesto Araújo, em entrevista na semana passada à revista Veja, afirmou que o assunto ainda estava em discussão no governo brasileiro.
Encontro com Macron acontece
Depois do cancelamento do encontro bilateral com o presidente francês Emmanuel Macron que estava previsto na agenda de Bolsonaro, os dois acabaram tendo quase uma hora mais tarde uma reunião “informal” e “amigável”, disse um porta-voz do governo brasileiro. Durante a conversa de quase 30 minutos, o presidente brasileiro convidou o francês a visitar a Amazônia.
A Presidência francesa informou que a discussão entre ambos foi “muito direta” e que Macron “insistiu na necessidade de que o Brasil permaneça no Acordo de Paris”. O Palácio do Eliseu anunciou ainda que o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, visitará o Brasil em julho.
Na véspera do início da cúpula do G-20, Macron chegou a dizer que não assinaria o acordo entre o Mercosul e a União Europeia que está sendo negociado nesta semana em Bruxelas caso Bolsonaro saísse do Acordo de Paris sobre o clima. O francês disse que não teria como cobrar dos seus agricultores e empresários medidas para o cumprimento do acordo — que estabelece metas voluntárias para a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa — caso o Brasil não o cumprisse.
— Foi um encontro amigável, por que não seria? — disse o porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros, referindo-se às críticas de Macron à política ambiental brasileira.
A política ambiental do governo Bolsonaro e o avanço do desmatamento na Amazônia estão causando pressão da opinião pública europeia sobre os seus governos. Nesta semana, a chanceler Angela Merkel, cobrada por deputados do Partido Verde, disse no Parlamento alemão que pediria esclarecimentos ao presidente brasileiro durante a cúpula do G-20. Suas declarações provocaram respostas ríspidas de Bolsonaro e do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.
Depois do encontro entre Macron e Bolsonaro, o porta-voz do Planalto disse que as negociações do tratado UE-Mercosul estão “muito avançadas” e o acordo deverá seja tornado público “o mais breve possível”. Durante o encontro também foram discutidas questões relativas ao comércio internacional e à fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa.
O acordo comercial entre os dois blocos comerciais começou a ser negociado em 1999 e está sendo finalizado em Bruxelas e poderá se tornar realidade em breve, apesar da relutância de alguns países europeus, especialmente a França, em proteger seus setores agrícolas.
O Brasil está no alvo de ativistas ambientais, críticos das ONGs e alguns governos, incluindo a Alemanha, por sua política de desmatamento.
A luta contra a mudança climática é uma das principais questões da cúpula do G-20, que reúne 20 países industrializados e emergentes na sexta e no sábado, uma questão que alguns países, liderados pelos Estados Unidos, não querem que sejam mencionados no comunicado. final.







