Por Ricardo Antunes – A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) mantendo o contrato de publicidade do governo e a possibilidade concreta de maioria governista na Comissão Parlamentar de Inquérito da Publicidade esvaziam a CPI e o objetivo da oposição de minar a credibilidade da gestão Raquel Lyra (PSD) para enfraquecer a campanha de sua reeleição em 2026.
Como ocorreu até agora, a CPI tende a se tornar um mero palco de inflamados discursos anti-governistas, que é o papel da oposição, por óbvio, mas nada muito além disso.
Em primeiro lugar, porque a decisão do STF pela legalidade do contrato e ausência de prejuízos ao erário, mantendo posição do TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco), dá ao governo o discurso de que o órgão máximo da Justiça referendou o que tem proclamado sobre o contrato.
Em segundo lugar, mais importante, na prática, do que o discurso governista com a bandeira do STF, é que, com maioria de cinco a quatro na comissão e provavelmente a presidência e a relatoria, os deputados pró-Raquel decidirão quem será ou não convocado para depor e quais sigilos telefônicos e bancários serão permitidos quebrar.
Foi inteligente a manobra oposicionista de tirar três deputados do PSB para formar a maioria na CPI– Diogo Moraes, eleito presidente da Comissão, Waldemar Borges, ungido relator, e Junior Matuto, que desbancou da liderança do PRD o deputado Joãozinho Tenório.
O resultado, contudo, foi fugaz, com as decisões judiciais recolocando nas lideranças a deputada Débora Almeida (PSDB) e Joãozinho Tenório.
Se o agravo de instrumento impetrado pelo PSDB para a manutenção de Diogo Moraes na legenda for rejeitado no TJPE, o governo terá virado o jogo, que a governadora Raquel Lyra classificou como jogado fora das quatro linhas.
E o que antes parecia um pesadelo para o Executivo voltará à quase normalidade dos discursos usuais da oposição.
Um outro estrago armado pela oposição – as tais “milícias digitais” que seriam disparadas do Palácio do Campo das Princesas contra a deputada Dani Portela (PSOL) – foi igualmente fugaz, porque o autor das denúncias, Manoel Medeiros Neto, ex-secretário-executivo de Informações Estratégicas do governo, pediu demissão e não se fala mais no assunto.
O que parecia um “tsunami” para Raquel Lyra acabou virando uma pequena marola. A governadora pode continuar fazendo entregas no interior sem sustos maiores, ausentando-se, mais uma vez, como está fazendo nesta quarta-feira (27) com o ministro da Educação, Camilo Santana, e fez com o presidente Lula há duas semanas, das agendas do PT federal em Pernambuco.








