De O Globo
A crise financeira na Turquia volta a contaminar os mercados financeiros, pressionando as moedas de países emergentes. No Brasil, o dólar comercial avança 1,10% ante o real, negociado a R$ 3,907 para venda. O Ibovespa, principal índice de ações doméstico, chegou a abrir em queda, mas começou a se recuperar com a melhora do mercado americano. Agora, registra valorização de 0,37%, aos 76.798 pontos.
Na avaliação de Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor, a valorização do dólar no Brasil segue o movimento registrado em outros emergentes, que são afetados pela crise na Turquia. – Muitos bancos europeus estão expostos à divida pública turca, mas o efeito imediato é na categoria de moedas emergentes.
Não quer dizer que vá arrastar outros países juntos, mas se o dólar começar a flertar com os R$ 4, talvez o Banco Central tenha motivos para avaliar alguma intervenção – disse. Alessie lembra que o BC costuma não realizar intervenções quando o movimento de valorizaçao do dólar é global, mas ele pode agir para atenuar a velocidade do movimento.
A Turquia tem uma série de vulnerabilidades econômicas, como altos níveis de dívida em moeda estrangeira, déficit em conta corrente e aumento dos custos de empréstimos. Os bancos europeus são os mais expostos a essa dívida. Para tentar conter o quadro de desvalorização da moeda, o Banco Central da Turquia (TCMB) anunciou que vai injetar US$ 6 bilhões no sistema financeiro do país para garantir a liquidez dos bancos e conter a queda da moeda do país frente ao dólar.
Segundo o índice da Bloomberg, a moeda tem queda de 6,51% nesta manhã, a maior entre as divisas compiladas pela agência. “A moeda turca recuou até um patamar recorde no domingo à noite, depois de desabar na semana passada. A lira turca agora já acumula queda de mais de 40% neste ano, enquanto os rendimentos dos títulos subiram vertiginosamente, empurrando a Turquia à beira de uma crise financeira”, explicou Roberto Indech, analista da Rico Corretora.
A injeção de recursos serve para garantir a liquidez ao mercado, mas a autoridade monetária turca não possui reservas internacionais elevadas. Embora tenha suavizado as perdas, a lira continua liderando a desvalorização em relação ao dólar. Entretanto, a medida ainda não foi suficiente para contornar a crise cambial no país.
Mercados contaminados
A crise entre Washington e Ancara, inicialmente sobre discordância política sobre o destino de um pastor americano, acusado por terrorismo e espionagem, rapidamente se espalhou para o campo econômico.
Sanções americanas como a duplicação de tarifas sobre o alumínio e o aço da Turquia sucederam declarações diplomáticas ameaçadoras, fazendo com que os mercados globais ficassem nervosos. Nesta manhã, o rand sul-africano operava com desvalorização de 1,1%, e a rúpia indiana perdia 1,57% em relação ao dólar.
Bolsa se recupera
O desempenho das ações da Petrobras contribuem para a recuperação do Ibovespa, que operava em queda no início dos negócios. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal sobem 1,12% e os ordinários (ONs, com direito a voto) avançam 1,22%.
No exterior, o petróleo opera em leve queda de 0,11%, cotado a US$ 72,73 o barril do tipo Brent. Os bancos, que possuem o maior peso na composição do índice, também ajudam. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco sobem, respectivamente, 0,16% e 0,83%.
No caso do Banco do Brasil, as açõe estão praticamente estáveis, com pequena variação positiva de 0,35%. As ações da Usiminas, que caíram forte na sexta-feira após o acidente em Ipatinga (MG), sobem nesta segunda-feira 2,91%.
As maiores altas, no entanto, são registradas pelas ações da B2W e Kroton, com avanços de 4,51% e 4,22%, respectivamente. Na outra ponta, as ações da Eletrobras registram as maiores perdas, com desvalorização de 3,30% nas preferenciais.






