EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes – O empresário Gustavo Sales Afonso de Melo, denunciado pelo Ministério Público Federal por participação num esquema de compra de luvas superfaturadas e superdimensionadas pela gestão Geraldo Julio, no início da pandemia, no Recife, é genro do empresário Sebastião Figueiroa, “figurinha” carimbada como um dos “operadores” do PSB.
Casado com Suellen Mendonça Figueiroa, filha do empresário, que também foi alvo de várias operações da Polícia Federal e da Polícia Civil desde 2020, Gustavo é o proprietário da Saúde Brasil Comércio e Importação de Material Hospitalar Ltda., empresa que vendeu sem licitação 22,5 milhões de luvas de procedimento para a Prefeitura do Recife. Ele teria combinado previamente com ex-gestores ligados ao PSB na Saúde do Recife para fornecer o quantitativo milionário de luvas com superfaturamento de 64,7%.
Um relatório do Tribunal de Contas do Estado, inclusive, aponta que há vários indícios de que a empresa foi criada com a intenção exclusiva de negociar com a gestão do PSB no Recife. Apenas na pandemia, foram firmados dezenas de contratos sem licitação entre a Secretaria de Saúde do Recife e a Saúde Brasil, totalizando R$ 81 milhões em contratos.
Outras compras vinculadas ao grupo empresarial de Sebastião Figueiroa também são alvo de inquéritos ainda em andamento no Ministério Público Federal, a exemplo da Operação Casa de Papel, que investiga a empresa AJS Comércio e Representação, que seria pertencente a laranjas de Figueiroa, no fornecimento de capotes e máscaras no início da pandemia, também para a Prefeitura do Recife.

Gustavo Sales Afonso de Melo chegou a sair do País depois da operação para estudar na Flórida, com permissão judicial. Quando retornou ao Brasil, passou a residir em Florianópolis, onde sua esposa foi presa em outubro de 2024 pela Operação Patranha, do Ministério Público do Estado de Pernambuco. De acordo com a denúncia do MPF, a empresa de Gustavo Sales Afonso, na época das contratações da gestão Geraldo Julio, possuía apenas um funcionário e capital social de R$ 100 mil.
Conforme a denúncia, o ex-diretor financeiro da Saúde Felipe Soares Bittencourt – um dos braços direitos do ex-prefeito Geraldo Julio desde a sua atuação como secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, no governo Eduardo Campos – teria sido responsável por dar “aparência formal de legalidade” à compra, atestando que a Saúde Brasil seria a única empresa com condições de entregar o quantitativo de forma imediata.
Apesar disso, as diligências comprovaram que não houve pesquisa no mercado, mas sim uma combinação prévia junto à Saúde Brasil para que esta fosse a beneficiada com o contrato milionário.
“De um lado, servidores da Prefeitura camuflaram a montagem do processo de dispensa indevida, possibilitando a contratação em desacordo com hipóteses legais por meio da adoção das seguintes condutas: emprego deliberado de falta de formalidade quando do exame de propostas de orçamento; montagem irregular do processo formal; solicitação de quantidade exorbitante e injustificada de luvas e autorização indevida para postergação da entrega de material, incompatível com a emergência da situação. De outro lado, GUSTAVO SALES, administrador da SAÚDE BRASIL, providenciou, de maneira antecipada (desde 16/03/2020), a exata quantidade de luvas tamanho médio que seria objeto da dispensa, conforme atestam e-mails e planilha de controle administrativo interno descobertos por quebra de sigilo telemático de mídia apreendida na sede da empresa”, registrou o MPF na peça apresentada à Justiça.









