Por Ricardo Antunes — A Liga Engenharia, que em 2022 foi citada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em auditoria sobre a atuação de um suposto cartel de empreiteiras em licitações de pavimentação da Codevasf, é ligada ao ex-senador porque um dos sócios, Pedro Garcez de Souza, é cunhado de um sobrinho de Bezerra Coelho (MDB). A informação é de Fábio Serapião, do Metrópoles, e você não vai ler essa matéria em canto nenhum por aqui.
Seu filho, Miguel Coelho (UB), aquele ex-prefeito de Petrolina, quer ser senador da República de todo jeito. Deu apoio a Raquel Lyra (PSDB) no segundo turno, mas, como não ganhou um emprego, foi para a base do prefeito João Campos (PSB), onde indicou seu irmão para ser secretário de Turismo. Semana passada, estava com ela pedindo para ser secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Pernambuco. Somente isso.
Levou outro sonoro “não” e já foi se encontrar com João Campos (PSB) para dizer que é fiel a ele e que não pediu nada à governadora. João, claro, fez que acreditou, mas já tirou o moço de sua chapa majoritária em 2026. Ele vai de Silvinho Costa Filho (Republicanos) e de Humberto Costa (PT), que vai tentar a reeleição.

Leia a matéria de Fábio Serapião no Metrópoles:
A Liga Engenharia recebeu cerca de R$ 74 milhões de emendas do relator, conhecidas como orçamento secreto, entre 2019 e 2024. Os dados são do Portal da Transparência.
Os valores foram direcionados por dois órgãos do governo federal: o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Ambos estão na mira da Polícia Federal (PF) por causa de emendas.
A Liga, que em 2022 foi citada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em auditoria sobre a atuação de um suposto cartel de empreiteiras em licitações de pavimentação da Codevasf, é ligada ao ex-senador porque um dos sócios, Pedro Garcez de Souza, é cunhado de um sobrinho de Bezerra Coelho.
Ele foi líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado de 2019 a dezembro de 2021. Antes ainda, de 2011 a 2013, Bezerra também fez parte do governo de Dilma Rousseff como ministro da Integração Nacional.

Em 2021, auge da popularização do orçamento secreto, também foi o ano em que a Liga mais recebeu dinheiro desse tipo de emenda, somando um total de R$ 33 milhões.
A maior parte do montante destinado à Liga por meio do orçamento secreto veio da Codevasf, que pagou R$ 52,8 milhões à empresa. Outros R$ 21,9 milhões vieram da autarquia destinada a obras contra as secas.
Quando todas as modalidades de emendas são levadas em consideração (individuais e de bancada), o valor total recebido via emendas pela empresa baiana sobe para quase R$ 100 milhões. Do total, R$ 53,9 milhões vieram da Codevasf e R$ 45,4 milhões, do DNOCS.
De acordo com os dados da União, DNOCS e Codevasf foram os únicos dois órgãos que destinaram dinheiro via emendas à Liga.

No caso do DNOCS, como mostrou a coluna, a Liga é uma das que mais receberam pagamento custeados com dinheiro de emendas da filial baiana do órgão.
A empresa recebeu R$ 19,5 milhões entre 2020 e 2024 por meio do orçamento secreto.
O DNOCS da Bahia está no centro da Operação Overclean, que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) depois de citações ao deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
Emendas de relator
Criada em 2019, a emenda de relator foi utilizada por congressistas até 2022, quando o (STF) reconheceu sua inconstitucionalidade pela falta de transparência.
Ao longo dos anos em que o orçamento secreto vigorou no Brasil, DNOCS e Codevasf viram o dinheiro de emenda aumentar significativamente. Algumas das emendas indicadas naquela época viraram alvo de investigação pela PF, inclusive por supostos desvios na contratação de obras.
Mesmo com o fim do dispositivo, as emendas seguem até hoje no centro dos embates entre Congresso e Supremo. Em agosto de 2024, com orçamento destinado ao instrumento cada vez maior, o ministro Flávio Dino determinou a suspensão do pagamento das verbas até que os repasses fossem rastreáveis e transparentes.

Defesa
Questionada, a Codevasf afirmou que as contratações do órgão são precedidas de processos licitatórios eletrônicos, “que asseguram economia, ampla concorrência, eficiência e transparência às seleções”.
“Relações eventualmente existentes entre sócios de empresas fornecedoras e terceiros são desconhecidas e não integram o rol de critérios de classificação ou desclassificação”, afirma o órgão.
A coluna também entrou em contato com o DNOCS, a Liga e com o ex-senador Fernando Bezerra Coelho, mas não obteve resposta.









