EXCLUSIVO, Por Luiz Roberto Marinho – O presidente da Fiepe (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), Bruno Veloso, pediu cautela ao governo caso decida aplicar a Lei da Reciprocidade em resposta à sobretaxa dos Estados Unidos de 50% nas importações brasileiras.
“É preciso saber dosar, para que não aumentem os custos de insumos e afins para a nossa indústria, o que será duplamente prejudicial, além da sobretaxação nas nossas exportações, com potencial perda de vendas e aumento de custos de compras”, declarou ele ao Blog.
Segundo Veloso, Pernambuco importa dos EUA principalmente derivados de petróleo, que correspondem a 60% das compras do estado, ´produtos químicos, trigo e componentes automotivos, que, se sobretaxados pelo governo brasileiro como reciprocidade, elevarão os custos da indústria local e, em consequência, os preços finais, gerando retração na demanda e inflação.
“A depender do peso das medidas de reciprocidade, nossa indústria e a sociedade poderão sofrer com o aumento de combustíveis como o GLP. Até mesmo o porto de Suape poderá ser impactado, com a redução de movimentação de carga, caso os custos da importação aumentem”, assinalou o presidente da Fiepe.

Afirmou que a sobretaxação americana prejudicará principalmente as exportações pernambucanas de açúcar, de artefatos de plástico produzidos por empresas instaladas no Porto de Suape, torres de ferro e aço e até embarcações.
Veloso frisou que, como na balança comercial bilateral do Brasil, a conta de comércio de Pernambuco com os EUA é também altamente deficitária, o que não justifica a decisão do presidente Donald Trump de sobretaxar em 50% as importações americanas do Brasil. “Foi uma medida sem fatores econômicos”, pontuou.
Informou que, em 2024, Pernambuco vendeu aos EUA US$ 205 milhões e comprou lá US$ 1,365 bilhão, resultando num saldo negativo de US$ 1,1 bilhão. No primeiro semestre deste ano o déficit para Pernambuco continuou altíssimo, de acordo com o presidente da Fiepe, atingindo US$ 686 milhões, resultado de importações dos EUA na casa de US$ 740 milhões e vendas no mercado norte-americano de US$ 54 milhões.
Bruno Veloso defendeu a necessidade de negociações diplomáticas do governo brasileiro para tentar evitar uma sobretaxação elevada. “É preciso recorrer à diplomacia para negociar, de forma a que os impactos na indústria brasileira – e consequentemente à economia e aos empregos – seja o menor possível. O Brasil costuma fazer isso bem”, salientou.
Para o presidente da Fiepe, “o momento é de muita cautela e negociação e de usar o profundo conhecimento da diplomacia brasileira em conversações bilaterais para evitar maiores danos à nossa economia”.









