EXCLUSIVO, por Ricardo Antunes– Quinze anos após sua morte, de infarto, aos 101 anos, o empresário pernambucano João Santos não deixou apenas um império de 43 empresas afundado numa recuperação judicial altamente questionada. Ainda há disputas familiares por seu espólio: sete herdeiros dele foram convocados judicialmente para realizar, nesta quarta-feira (27), numa clínica do Recife, exames de DNA para comprovar o parentesco de uma suposta filha, de nome Socorro, de 80 anos, que também quer ter direito a uma parte da herança.
Foram chamados para o exame os filhos Fernando Santos, José Bernardino Santos e Maria Clara Santos Tapajós e os netos Ana Clara dos Santos Ramalho, Maria Helena Santos, Rodrigo Santos e Alexandra Santos. A neta Ana Clara é filha de Rosália Santos, já falecida, e os netos Rodrigo, Maria Helena e Alexandra são filhos do primogênito, João Santos Filho, morto num desastre de avião no Paraguai, em 1980. A filha Maria Clara Santos Tapajós veio do Rio de Janeiro para o teste de DNA e a neta Ana Clara embarcou de São Paulo.
A clínica, no entanto, dispensou os netos do exame de DNA, não só por serem da segunda geração, mas principalmente porque era suficiente o DNA dos filhos, Fernando, José Bernardino e Maria Clara, a primeira geração, presentes na clínica.
Principal executivo do grupo até o pedido de recuperação judicial, em dezembro de 2022, Fernando Santos, que mora no Recife, tentou adiar o exame de DNA, mas o juízo no qual corre o processo de comprovação de parentesco negou o adiamento.

Os herdeiros de João Santos sempre se envolveram em brigalhadas, seja pela partilha da herança ou pelo comando das empresas do grupo. E no exame de DNA desta quarta-feira não foi diferente. Há suspeitas de que um ou dois deles teriam inventado a filha secreta com o único objetivo de tumultuar e retardar a partilha da herança. De cor morena, rosto largo, Socorro não parece com os irmãos e não se tem detalhes desse curto romance secreto do patriarca do qual foi gerada.
O resultado do exame DNA comprovará, contudo, se ocorreu uma farsa ou se haverá mais um para dividir o riquíssimo espólio.
Nascido pobre em Serra Talhada, no sertão pernambucano, João Santos construiu um império de 43 empresas a partir de uma usina de açúcar em Goiana, na Zona da Mata Norte. Teve seis filhos, cuja maior parte se engalfinha até hoje, 15 anos após sua morte. O plano de recuperação judicial das 43 empresas, aprovado no dia 5 último, no Recife, sob protestos dos credores trabalhistas, também não escapa de desavenças, arrastando-se em meio a denúncias de graves irregularidades na sua gestão.









