Por G1 PE – A Polícia Civil descobriu o que levou um homem a matar com facada o próprio pai, que era comissário da corporação. Ao ser preso, Roberto Barreto Vieira Filho, de 24 anos, confessou que assassinou Roberto Vieira, de 65 anos, em uma briga ocorrida depois de roubar um celular para comprar crack.
Os detalhes do caso foram divulgados, nesta terça-feira (13), durante entrevista coletiva concedida na sede da Polícia Civil, no Centro do Recife. Segundo a delegada Marisandra Pimentel, Roberto Filho já tinha confirmado a autoria do crime e, agora, assumiu que era viciado em drogas.

A prisão do filho do comissário, divulgada no dia 9 de julho, ocorreu em Afogados, na Zona Oeste da cidade. A vítima estava desaparecida desde 16 de junho, quando o crime ocorreu. O corpo foi achado em uma mata no Curado, na Zona Oeste, sem identificação.
A delegada afirmou que o caso começou a ser investigado com o desaparecimento. “Havia fortes indício de homicídio”, disse.
Com Roberto Filho, a polícia encontrou 300 gramas de crack e alguns utensílios que se usa no tráfico de drogas. “A gente fez o flagrante por tráfico e ele confessou com detalhes a sua participação na morte do pai”, afirmou a policial.
Pimentel disse, ainda, que o filho do comissário contou que houve a discussão com pai por causa do furto do celular e o envolvimento com as drogas. Ele pegou uma faca e deferiu um golpe no pescoço do pai, que, segundo ele, teria caído de joelho com a cabeça em cima da cama dele”, declarou.
Depois do assassinato, ocorrido no quarto onde o comissário estava descansando, Roberto Filho tentou se livrar de qualquer vestígio do crime que pudesse incriminá-lo. “Vendo que o pai morreu, ele se desfez do colchão, dos objetos pessoais do pai, limpou toda a cena, colocou tudo no carro do pai e deixou em Jaboatão [Grande Recife]”, afirmou a delegada.
Além disso, o assassino confesso do comissário disse que começou a usar o veículo do pai e a vender imóveis dele. “Também cobrou aluguéis e participou da movimentação financeira, como se o pai estivesse vivo. Ele utilizou todo o rendimento do pai: aposentadoria e aluguéis”, acrescentou.

O rapaz contou que se esconder e até terminou em uma situação de rua, vivendo no pavilhão do metrô. “Ele contou também que o pai teve Covid, recentemente, e ficou com complicações. Acreditava que ia morrer. E resolveu repassar as senhas para ele, porque acreditava que não sairia vivo”, comentou a policial.
Para a polícia, o crime pode ter envolvimento de outras pessoas. Pimentel disse, na coletiva, que, de acordo com a dinâmica da cena, fica bem difícil uma pessoa atuar sozinha nessa situação.
“O homicídio aconteceu no pavimento superior [do imóvel]. A gente acredita que teve a participação de mais alguém. Para chegar ao pavilhão inferior tem uma escada curta, estreita”, justificou.
Por fim, a delegada disse que Roberto Filho, não mostrou arrependimento e contou os detalhes “muito friamente”. “O flagrante pelo tráfico foi transformado em prisão preventiva e estamos concluindo o inquérito do homicídio. Ele vai responder também pelo homicídio e, certamente, a pena dele vai ser aumentada”, afirmou a delegada.