Do G1 — A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (4) que indiciou por tentativa de homicídio o administrador Luciano Matias Soares, que atropelou a advogada Isabela Freitas Sarev durante um protesto contra Jair Bolsonaro (sem partido), no Recife. O crime aconteceu no dia 2 de outubro e a mulher ficou internada por 12 dias, parte deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O atropelamento aconteceu na Avenida Martins de Barros, próximo à Ponte Maurício de Nassau, no bairro de Santo Antônio, quando o protesto já havia sido dispersado. A vítima foi arrastada pelo carro por alguns metros.
A advogada sofreu uma fratura grave no tornozelo e passou por cirurgia. Também levou quatro pontos na cabeça. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito sobre a investigação foi concluído na quarta-feira (3) e encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O MPPE é quem decide se vai denunciar ou não o homem à Justiça. Se for denunciado e condenado pelo crime de tentativa de homicídio, Luciano Matias Soares pode pegar penas que variam entre seis e 20 anos de reclusão.
O promotor que ficar responsável pelo caso deverá analisar as provas e pode, inclusive, pedir complementos à investigação. Somente depois dessa verificação o procedimento poderá ser encaminhado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

O g1 entrou em contato com o Ministério Público para saber se o órgão já recebeu o inquérito, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
O advogado Sérgio Gonçalves, responsável pela defesa de Luciano Matias Soares, afirmou que tomou ciência do indiciamento do cliente e que está tranquilo com relação a esta etapa do processo.
“É uma opinião do delegado, que resolveu indiciar por tentativa de homicídio privilegiado. Mas o inquérito também fala da injusta provocação da vítima a Luciano, das condições que ele sofreu para que acelerasse. […] Penso nisso como um crime de trânsito, porque ele não cometeu com dolo. Não podemos alegar que ele cometeu um crime para machucar e principalmente matar”, declarou.

Sarev estava indo embora quando o condutor do carro Jeep Renegade de placa QYJ2E95, o administrador Luciano Matias Soares, furou o bloqueio que havia sido feito pelos manifestantes, atropelou e arrastou por metros a advogada.
Soares fugiu do local sem prestar socorro à vítima e disse, em entrevista ao g1, ter ido embora porque teve medo de ser agredido pelos manifestantes e que nada teria acontecido se a advogada não tivesse se pendurado no capô do carro dele.
A versão foi contestada por testemunhas que estavam no local e alegaram que o motorista do veículo acelerou, em vez de frear, apesar dos apelos de quem estava presente no local