Por José Teles – Manoel Bione se foi hoje. Difícil de acreditar. Foi a pessoa mais de bem com a vida que já conheci. Há 40 anos, ele, eu e Ral lançamos o Papa-Figo. Da última vez em que o vi, no Barbosa, na Mamede Simões, conversamos sobre uma edição especial do Papa, pra marcar as quatro décadas. A história do jornal daria um livro. Marcou época no Recife. Tem muitos episódios hilários. Já contei alguns, Bione foi protagonista de vários.
Nas fotos, eu, ele e Ral na redação do Jornal, quando fizemos o primeiro Papa-Figão (lançado a cada vinte números). A outra foto foi no Batutas de São José, no Cais de Santa Rita, com a Banda Pão com Banha, formada por Lailson, Clériston e eu. O nome vem de uma expressão chula da época (eram tempos não politicamente correto, pois não?). Tiração de onda com bandas de fuleiragem, Mel com Terra, Caviar com Rapadura, Feijão com Arroz…

Bione era mais desafinado do que punho de rede, não tocava nada, mas tinha uma memória impressionante pra decorar letra de música, e até as declamações melosas, que se faziam muito nos bolerões até os anos 60. E também de improvisar no palco. Na foto, ele declama alguma coisa, talvez o texto da manteiga Turvo, ou de Ébrio, de Vicente Celestino.
Na mão levantada segurava um cabacinho, que usava pra percussão. Perdeu o cabaço nesta festa, chamada A Noite do Papa-Figo. Lotou o Batutas, até o governador foi lá. Luis Melodia fez show no Guararapes, e foi pra festa, esteve no nosso camarim. Com participação de Tonton e Cacá Teixeira, esta tertúlia foi a coisa mais dadaísta que já aconteceu no Recife. Bione deixa saudades e muitas histórias.
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José Teles é jornalista, crítico de música, cronista, e colaborou com várias publicações. É autor de vários livro e um dos fundadores do Jornal Papa Figo.










