O importante saxofonista Pharoah Sanders, lenda do jazz americano, morreu neste sábado, em Los Angeles. Ele tinha 81 anos. A notícia foi confirmada pela gravadora de Sanders, a Luaka Bop, no Twitter. No comunicado, o selo lamenta a morte do músico, deseja que ele “descanse em paz” e diz que Sanders “morreu em paz cercado por familiares e amigos queridos”.
Pharoah Sanders nasceu em 1940, no estado de Arkansas, no sul dos Estados Unidos, e aprendeu a tocar clarinete e bateria antes de tocar o saxofone alto que pegava emprestado de sua escola. “Você podia pegar emprestado todo dia se quisesse. O som não era muito bom. Estava meio surrado e em mal estado. Eu nunca tive um saxofone até terminar o ensino médio e ir à Califórnia”, ele disse à revista americana The New Yorker.
Ele só foi ter contato com o saxofone tenor, o instrumento com o qual ficou consagrado, quando se mudou para Oakland, na Califórnia, em 1959. “Eu tinha um clarinete, e o troquei por um sax tenor novo, o que finalmente me fez começar a tocar o saxofone tenor.”
O nome artístico, adotado por Sanders até o fim da vida, veio na década de 1960, em Nova York, quando colaborou com o músico, compositor e precursor do afrofuturismo, Sun Ra —que deu a ele a alcunha Pharoah. Seu primeiro lançamento solo foi “Pharoah’s First”, de 1964.
Também na década de 1960, Sanders se tornou membro da banda de John Coltrane, com quem tocou até 1967, ano da morte do saxofonista. Assim como Coltrane, Sanders foi uma figura chave na cena do jazz espiritual, como é conhecido seu estilo musical.
Em seus álbuns, entre eles “Karma”, de 1969, incorporou influências da música tradicional africana e do sul da Ásia. Em 1971, tocou no disco “Journey in Satchidananda”, clássico de Alice Coltrane, e seguiu carreira solo ao longo da década de 1970, lançando álbuns como “Thembi”, “Elevation”, “Black Unity” e “Love in Us All” pelas gravadoras Arista e Impulse, além do selo de jazz avant-garde India Navigation.
Durante os anos 1990, sua produção musical diminuiu, mas Sanders continuou a fazer turnês ao longo dos anos 2000.
Mais recentemente, em 2021, fez o álbum “Promises” em colaboração com o produtor britânico de música eletrônica Sam Shepherd, nome por trás do Floating Points, e com a Orquestra Sinfônica de Londres. Gravado em 2019, foi o primeiro lançamento de Sanders em mais de uma década, recebido com elogios pela crítica.
O músico esteve no Brasil em 2010, para uma apresentação no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Em entrevista a este jornal, ele disse que, apesar de ser conhecido pelo jazz espiritual, nunca gostou de rotular sua música.
“O que eu faço vem de dentro de mim e nunca pensei em pôr um nome nisso, apenas chamo de música”, ele disse na época do show no Brasil. “Talvez alguma outra pessoa possa chamar de jazz.”







