EXCLUSIVO, por Thiago Cabral – O medo terrível do julgamento alheio, aliado ao desconhecimento da legislação sobre violência contra as mulheres, foi o que levou um das vítimas do estupro do empresário Rodrigo Carvalheira, atualmente com 34 anos, a demorar longos 14 anos até registrar o caso na polícia.
A revelação está no depoimento dela e nos relatos de outras cinco mulheres amigas da vítima, registrados em ocasiões diferentes, às delegadas Larissa Souza de Melo Azedo e Jessica Talita Alves Ramos, na Delegacia da Mulher, no bairro de Santo Amaro.
De acordo com o depoimento, a demora em registrar o boletim de ocorrência custou também à vítima, além de um longo tratamento psicológico, que continua a fazer até agora pelo trauma do estupro, a impunidade do agressor.
O empresário Rodrigo Carvalheira foi preso na última quinta(11) acusado de abuso sexual e estupro, mas foi liberado menos de uma semana depois. Os crimes que o levaram a ficar detido apenas sete dias no Cotel, em Abreu e Lima prescreveram, segundo o Minsitério Público, como o Blog divulgou com exclusividade.

O BO contra o empresário que circulava nas altas rodas sociais e políticas de Pernambuco foi registrado às 16h47 do dia 19 de dezembro último. Era tarde demais. Não davam mais punição os crimes pelos quais Carvalheira foi preso – o delito de atentado violento ao pudor, ocorrido em 2006, venceu em 2018, e o outro, de estupro contra vulnerável, em 2009, prescreveu em 2021. O Ministério Público de Pernambuco recomendou o arquivamento do caso.
A vítima relatou o estupro a um amigo no dia seguinte, em 2009. O amigo limitou-se a repreendê-la por haver aceitado tomar o comprimido que lhe ofereceu Carvalheira numa festa no UK PUB, em Boa Viagem – na verdade um poderoso entorpecente que a fez esquecer os detalhes do estupro até hoje.
Somente oito anos depois, em 2017, conforme relatou na Delegacia da Mulher, a vítima contou o estupro a uma irmã e em 2020, 11 anos após o crime, revelou ao então namorado. Apenas em fins de 2023 informou a mãe do caso. A doença grave do pai, contou ela à delegada, contribuiu também para protelar a denúncia e, dessa forma, levar de volta às ruas Rodrigo Carvalheira.