Por Ricardo Antunes — As investigações sobre desvios do dinheiro doado por fiéis pelo padre Robson de Oliveira, da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás, foram arquivadas pela Justiça, mas novas provas precisam ser levadas em consideração, avalia o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda.
Há indícios fortes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, uma quadrilha que se apoderou uma igreja”, disse ele, em entrevista ao Fantástico, que trouxe neste domingo (21/2) reportagem com áudio encontrados, segundo a apuração, em celulares do padre.
Em um dos áudios, o padre estaria discutindo com o advogado Luís Barbosa a situação de outro advogado, Anderson Reiner Fernandes, que teria virado um desafeto. “Se o senhor pudesse matar ele pra mim seria uma benção”, diz o padre.
PETIÇÃO
Numa ação rara, o Ministério da Saúde resolveu solicitar de forma pública ao Palácio do Planalto um auxílio para a compra de novas vacinas contra a covid-19. A pasta, comandando pelo general Eduardo Pazuello, declarou por meio de nota divulgada na noite deste domingo, 21, que deseja comprar imunizantes da Janssen e da Pfizer, mas que as propostas apresentadas pelas empresas vão além de sua capacidade de prosseguir as negociações para contratação. Por isso, recorreu à Casa Civil.
Além de pedir orientação de forma aberta, o Ministério disse esperar uma resposta do Planalto entre segunda-feira, 22, e sexta-feira, 26, para saber como deve proceder para solucionar impasses nas negociações iniciadas em abril do ano passado com os dois laboratórios. De acordo com a Saúde, as transações estão “emperradas” por falta de flexibilidade das empresas.

IMPASSE
O comunicado relatou também que a pasta enviou um ofício na quarta-feira passada, 17, à Casa Civil descrevendo o desgaste e atribuindo o impasse às companhias. Diante dessas dificuldades e da Janssen e Pfizer não terem nos permitido avançar na compra das vacinas, remetemos um ofício que certamente buscará orientação junto a outros órgãos federativos e nos ajudará a encontrar soluções que extrapolam os limites legais do Ministério da Saúde”.
O Ministério transcreveu uma parte do ofício que encaminhou à Casa Civil indicando que as tratativas comerciais se encontravam sem avanço: “(…) em virtude das limitações jurídicas vislumbradas para a contratação em conformidade com a legislação brasileira, entende-se que a presente análise extrapola a capacidade do Ministério da Saúde em prosseguir com a negociação para contratação”.
LENTIDÃO
Em vários países, as negociações dos imunizantes têm sido feitas diretamente pelos governos federais. No Brasil, diante da demora da União em disponibilizar vacinas, no entanto, um grupo de governadores anunciou na sexta-feira (19) que tentará realizar a compra dos imunizantes diretamente com os laboratórios.
A decisão é liderada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que disse contar com apoio de outros 22 governadores. Segundo ele, o empenho de buscar alternativas foi comunicado ao Ministério da Saúde, que teria aberto a possibilidade de reembolsar os Estados pela aquisição.
Diante da lentidão do governo federal, o Congresso também quer colaborar para encontrar uma solução. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizou que pretende ajudar a mediar a negociação entre o governo brasileiro e as fabricantes.

CALENDÁRIO
O calendário federal também ignora atrasos, como a demora na chegada dos insumos para a produzir a Coronavac.
Na corrida para apresentar respostas, o Ministério autorizou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) da sexta, 19, a compra da Sputnik V e da Covaxin, vacinas que nem sequer estão sob análise de uso emergencial na Anvisa.
A agência ainda aguarda dados de segurança e eficácia para começar esta avaliação. A Anvisa chegou a devolver um pedido de uso emergencial da Sputnik pela falta de informações básicas.
Os extratos informam que a compra de vacinas será no valor de R$ 693,6 milhões para o imunizante da Rússia e de R$ 1,614 bilhão para a vacina indiana. As publicações não especificam o volume de doses contratadas. Pelo cronograma do ministério, serão entregues a partir de março 20 milhões de doses da Covaxin e 10 milhões da Sputnik V.

VACINAÇÃO
De acordo com o balanço mais recente da vacinação no País, feito pelo consórcio de imprensa, até ontem 5.811.528 de pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a covid-19. O número representa apenas 2,74% da população brasileira. Por enquanto, o Brasil só conta com doses das vacinas Coronavac, do Instituto Butantan, e da Oxford/Astrazeneca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Não podemos levar o ano inteiro para vacinar 70% da população”
A pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, alertou neste domingo para a urgência da vacinação contra a Covid-19.
“O cronograma tem que ser baseado no que temos. Nós precisamos vacinar muita gente, no mínimo 70% da população, e não podemos levar o ano inteiro pra fazer isso, sob pena de não conseguirmos controlar a transmissão do vírus”, disse em entrevista à CNN Brasil.

DELÍRIO
Armínio Fraga disse ao Valor que a intervenção de Jair Bolsonaro no comando da Petrobras mostra que o mesmo pode ocorrer com outras estatais.
“A Petrobras é uma empresa. A mão pesada do controlador, como agora, sugere que o mesmo pode ocorrer em outras estatais e também com concessionárias.”
VAI PIORAR
O economista também foi questionado sobre se vê espaço no governo para as privatizações. Ele respondeu:
“Não vejo. Esse governo privatizou zero até agora, zero. Seria delírio de minha parte imaginar que isso fosse acontecer (…).
O presidente também não é uma pessoa que quer privatizar, é o oposto. É curioso ter escolhido um ministro que queira privatizar. Suspeito que a Petrobras vai manter alguma regra razoável de paridade [de preços]. Não tenho a menor ideia do que vai acontecer com o subsídio, mas o que nós todos sabemos é que o orçamento está com espaço zero e se o governo esticar muito a corda, o ambiente econômico-financeiro vai piorar.”
EMIGRAÇÃO
Classe média alta argentina busca emigrar para escapar da crise.
Pesquisas mostram forte tendência a um novo êxodo de argentinos para fora do país; para analistas, após fracasso de Macri e aprofundamento da recessão com crise sanitária, país vive ‘pandemia da desilusão’. Os hermanos também estão sofrendo.

MALCOLM X
As filhas do ativista afro-americano Malcolm X pediram que a investigação sobre seu assassinato seja reaberta à luz de novos depoimentos envolvendo a Polícia de Nova York e o FBI.
Consultado pela AFP neste domingo (21), um porta-voz da procuradoria de Manhattan disse que o “exame” do recurso estava “em andamento”.
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Coluna de Ricardo Antunes, Domingo, 21/02/2021.
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*Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelo principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.