Da Redação do Blog – A Polícia Civil do Rio de Janeiro desvendou uma surpreendente conexão entre um homem que já esteve na mira do FBI por suposta atuação como facilitador financeiro da Al-Qaeda e o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Brasil. O egípcio Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, que em 2019 foi retirado da lista de procurados do FBI, é investigado por lavagem de dinheiro para o CV.
As investigações, que culminaram em uma operação com mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo nesta terça-feira (3), apontam Mohamed como um indivíduo com “relevante histórico no sistema financeiro informal vinculado ao Comando Vermelho”. Embora Mohamed não tenha sido alvo direto desta operação, a apuração revelou que o complexo esquema de lavagem de dinheiro da facção envolvia empresas de eventos, cantores que atuam em bailes de comunidade e até mesmo Vivi Noronha, esposa do MC Poze do Rodo, que foi um dos alvos da operação.
O delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil, enfatizou a ligação entre Mohamed e uma das empresas de eventos investigadas. “Ficou comprovado que o sofisticado esquema de lavagem de dinheiro da facção envolve empresas de eventos, cantores que fazem bailes em comunidades e até a esposa de um desses MCs [Vivi]. Chamou atenção no curso da apuração que uma das empresas de eventos investigadas tem relação direta com Mohamed, o que demonstra o estreito vínculo entre a facção, influenciadores e pessoas que fazem eventos e instigam a narcocultura em comunidades exploradas pela facção”, declarou Curi.

O Enigma de Mohamed e a Operação Policial
Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim havia sido procurado pelo FBI, a principal agência federal de investigação dos Estados Unidos, por suspeita de facilitar operações financeiras para a Al-Qaeda. Fundada por Osama bin Laden, a Al-Qaeda é conhecida por ser a responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Contudo, em 2019, o nome de Mohamed foi retirado da lista de foragidos após ele ser interrogado por agentes americanos em São Paulo. À revista Época, ele afirmou não ser terrorista, alegando que sua situação decorria de sua filiação a um partido político criminalizado no Egito.
A operação desta terça-feira, que mirou o esquema de lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho, é liderada por policiais civis das delegacias de Roubos e Furtos (DRF), Repressão a Entorpecentes (DRE) e do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD). O esquema, que movimentou cerca de R$ 250 milhões, era operado pelo traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, que faleceu no domingo (1º). Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça expediu ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias.









