Por Ricardo Antunes
Poucos dias depois de Alberto Dines o jornalismo perde outro mestre: Audálio Dantas se foi. Estive com ele há 3 ou 4 anos em um encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e batemos um bom papo sobre a história de outro jornalista que foi tombado pela ditadura: Vladimir Herzog. Eu ganhei um bela dedicatória do seu livro sobre Vlado, ele me contou da tensão na missa de corpo presente na Catedral da Sé e, o nosso jornalismo, ficou mais pobre.
Ele morreu na tarde desta quarta-feira (30), aos 88 anos, no Hospital Premiê, em São Paulo depois de lutar contra um câncer de intestino desde 2015, quando foi operado; a doença atingiu fígado e pulmões depois disso. Em abril, foi internado no centro médico e o corpo dele deve ser velado na Câmara Municipal.
Dantas foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo em 1975, do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Deixou o cargo em 1978, ano em que foi eleito deputado federal.
Deixou a presidência do sindicato em 1978, eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Considera ter dedicado 90% do seu mandato à luta pelas liberdades em geral e, especificamente, pela Liberdade de Imprensa. Nunca deixou de lutar pelo Jornalismo.
Em 1981 recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU, por sua atuação em prol da defesa dos direitos humanos.
Foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 1983. Em junho de 2005 foi eleito vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). No cargo, organizou em 2007 o Salão do Jornalista Escritor, que reuniu personalidades do Jornalismo Literário. Mas ao perceber que seus esforços não eram reconhecidos, deixou a entidade em 2008.
Alagoano de Tanque D’Arca, Audálio começou sua carreira jornalística em 1954, como repórter do jornal “Folha da Manhã” (atual “Folha de S.Paulo”). Cinco anos depois, foi para a revista “O Cruzeiro”, onde foi redator e chefe de reportagem.
Também trabalhou em diversas publicações da Editora Abril, entre elas “Quatro Rodas”, “Veja” e a prestigiada “Realidade”. Foi chefe de redação da revista “Manchete” e editor da “Nova”.






