EXCLUSIVO, Por André Beltrão – Uma semana antes do brutal assassinato, em 24 de julho último, em Jaboatão dos Guararapes, da técnica de enfermagem Maria Clara Adolfo de Souza, 21 anos, grávida de quase quatro meses, o ex-namorado João Gabriel Tenório Ferreira, soldado da PM preso como principal suspeito do feminicídio, tentou envenená-la com chumbinho num pote de açaí.
A informação, dada ao Blog pelo advogado da vítima, o criminalista Sérgio Gonçalves, consta do inquérito policial instaurado na Delegacia da Mulher de Jaboatão dos Guararapes. Segundo o inquérito, que tramita em segredo de Justiça, o PM foi à casa da ex-namorada, na Rua Belo Jardim, no bairro de Socorro, em Jaboatão dos Guararapes, e ela pediu por delivery um pote de açaí.
Em determinado momento, relata o advogado, João Gabriel quis um copo d´água. Quando voltou da cozinha com a água, Maria Clara sentiu um gosto estranho no açaí, cuspiu, perguntou ao ex-namorado se havia colocado algo no pote, ele negou veementemente, mas foi embora levando o açaí. Talvez pressentindo ameaças futuras do PM, avalia Sérgio Gonçalves, a técnica de enfermagem contou o episódio à irmã e guardou a colher do açaí, embrulhada em guardanapo, num copo Stanley que tinha.

A irmã da técnica de enfermagem lembrou do episódio do açaí após instaurado o inquérito do crime, ocorrido por volta de 20h50 de 24 de julho, com 11 tiros de calibre 9mm, arma de alto poder letal, quando Maria Clara saiu de casa atendendo a um recado do ex-namorado para receber na rua uma quantia em dinheiro. A colher embrulhada continuava no copo Stanley, foi feita a perícia e constatada a presença do veneno, diz Sérgio Gonçalves.
A recusa de Maria Clara em abortar o bebê de quase quatro meses, uma menina que se chamaria Aurora, está sendo apontada no inquérito como a causa do assassinato. O Blog divulgou com exclusividade diálogo de WhatsApp entre Maria Clara e o ex-namorado no qual ela lhe comunica que não vai abortar, ele revela que pediu o aborto e pede para conversarem.
O advogado da vítima informa, sem dar detalhes, que o exame de DNA da bebê está praticamente concluído. Enfatiza ele não ter dúvidas de que os testemunhos e as perícias constantes do inquérito, que deve estar concluído em duas semanas, transformarão de temporária, já renovada por mais 30 dias, em preventiva a prisão do PM João Gabriel. Ele está detido desde 1º de agosto no Centro de Reeducação da Polícia Militar, em Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife.
Um suposto comparsa do PM, Robson Damião do Nascimento, de 26 anos, mesma idade do soldado e que seria seu amigo de infância, está preso no Cotel, em Abreu e Lima. Estaria na motocicleta usada para o assassinato. Existe a possibilidade de uma terceira prisão, revela Sérgio Gonçalves, sem pormenores.
“Estou convicto, tantas são as evidências do inquérito, de que a prisão será transformada em preventiva, que o PM irá a júri popular e será condenado à pena máxima”, declarou o advogado ao Blog. O processo tramita na 1ª Vara do Júri de Jaboatão dos Guararapes.