EXCLUSIVO, por Luiz Roberto Marinho – Das 40 esculturas de pedra esculpidas pelo renomado artista pernambucano Zé Cláudio existentes no Santuário Três Reinos, a polêmica propriedade de 5 milhões de metros quadrados do empresário Janguiê Diniz, 22 pertencem aos herdeiros do artista, que não conseguem retirá-las por complicados problemas de logística e por falta de local onde recolocá-las.
Informam os filhos de Zé Cláudio que as 22 estátuas, esculpidas na década de 70, pequenas, médias e grandes, foram transferidas para o Santuário dos Três Reinos quando seu primeiro proprietário, o lobista e empresário pernambucano Roberto Viana, ex-secretário do governo Joaquim Francisco, resolveu erguer um parque de monumentos de pedra no local, comprado por ele em 1996 em Guabiraba, o maior bairro do Recife.
Dizem eles que até agora não fizeram qualquer contato com o empresário Janguiê Diniz, um dos maiores do país no setor educacional, que assumiu a titularidade da enorme área urbana quando Viana não honrou um empréstimo que obteve dele.
Janguiê, que quer instalar na área de Mata Atlântica condomínios luxuosos, diversificando para o imobiliário sua atividade empresarial, foi autuado pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife por obras na propriedade e tem de apresentar à Prefeitura licença ambiental para intervenções na área.

O empresário, que está processando judicialmente o Blog do Magno, o jornal digital O Poder e este Blog por haverem divulgado a ação da Prefeitura do Recife, elaborou luxuoso catálogo colocando à venda as esculturas da propriedade, com foco principalmente em potenciais compradores do Rio de janeiro e São Paulo. Não se sabe se conseguiu realizar alguma venda.
Com financiamento a fundo perdido de R$ 6 milhões da Unesco, organismo da ONU dedicado à educação, ciência e cultura, obtido por um lobby eficiente, no qual é considerado mestre, Viana contratou Zé Cláudio e outros artesãos de Brejo da Madre de Deus, no agreste, especializados na arte em pedra, para erguer o parque.
Por contrato com Viana, firmado em cartório, as 22 esculturas, contudo, não lhe pertenciam, permanecendo em poder do artista, ao contrário das outras 18, que Zé Cláudio ergueu no Santuário em mais de dois anos de trabalho, no início de 2000. Como o artista faleceu em dezembro último, aos 91 anos, já viúvo, os filhos são os herdeiros.
A logística para removê-las, como querem os herdeiros de Zé Cláudio, é complicada e sobretudo cara. Envolve guindastes e tratores de esteira e pelo menos seis homens para manejo escultura por escultura, dependendo do tamanho delas.
Mesmo que consigam patrocínio de alguma empresa ou mecenas para a remoção, os filhos do artista enfrentam outro grande problema: onde colocá-las, já que exigem espaço amplo para reinstalação. O ideal e o desejado, segundo eles, é que a Prefeitura do Recife ou o governo do estado reservasse uma área para as esculturas e criasse um novo espaço cultural na cidade, destinado a mais um grande artista pernambucano.
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