Da Redação- O Psol do Recife enfrenta um dilema preocupante nas eleições municipais de 2024. O fortalecimento da campanha do vereador Ebinho Florêncio, candidato à reeleição pela Rede Sustentabilidade, tem causado um certo desconforto entre os eleitores tradicionais do Psol.
O temor é que a crescente força de Florêncio afaste esses eleitores e possa, no fim, resultar em um cenário onde o Psol fique sem representação na Câmara Municipal.
A Federação Psol/Rede, que funciona como as antigas coligações partidárias, porém com um vínculo de quatro anos, apresentou uma chapa conjunta para concorrer às vagas de vereador no Recife. Apesar disso, o foco da Rede está claramente em Florêncio, que tem se consolidado como o candidato prioritário da sigla. O parlamentar, que já conta com as vantagens estruturais de estar no exercício do mandato, recebeu até o momento uma transferência de R$ 600 mil do fundo partidário, valor que o coloca em posição de destaque na disputa.
Em contrapartida, as duas principais candidatas do Psol, Jô Cavalcanti e Elaine Cristina, receberam juntas R$ 504 mil do fundo do partido, o que demonstra a disparidade de recursos dentro da própria federação. A ausência de um “puxador de votos”, como Dani Portela foi em 2020, agrava ainda mais a preocupação. Robeyoncé Lima, outra figura de destaque que poderia desempenhar esse papel, optou por não concorrer este ano, o que deixa o Psol em uma situação delicada. Caso Florêncio se consolide como o mais votado da federação, existe a possibilidade real de que apenas ele, candidato de Túlio Gadelha, seja eleito.
Outro ponto de inquietação para o Psol recifense é o histórico familiar de Ebinho Florêncio. “Ele (Ebinho) é irmão daquele deputado picareta”, disse uma fonte, se referindo a Wanderson Florêncio, ex-vereador e ex-deputado estadual que se destacou por seu apoio à Operação Lava Jato e ao ex-juiz e atual senador Sérgio Moro. Wanderson também se alinhou com o ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018.
Quando foi Deputado Estadual, Wanderson esteve nas manchetes por ser um dos parlamentares a abrigar em seu gabinete familiares de Sebastião Figueroa. O empresário foi preso por meses pela operação Casa de Papel que apurou irregularidades na compra emergencial de materiais médicos, em decorrência da pandemia de Covid-19. Além disso, Figueroa recebeu mais de 6 milhões de reais das campanhas de Jair Bolsonaro à reeleição e de Gilson Machado a Senador por meio de sua gráfica.
Essa herança política é vista com desconfiança pelos setores mais progressistas da federação, que veem na possível eleição de Ebinho um risco de lavajatismo e bolsonarismo na câmara do Recife.
A aliança entre os irmãos Florêncio e Túlio Gadelha, principal nome da Rede Sustentabilidade em Pernambuco, só reforça essa preocupação. Gadelha, que tem consolidado sua posição no estado, foi peça-chave para a articulação da candidatura de Ebinho, o que pode significar uma guinada no perfil da representação da federação Psol/Rede no Recife, caso as previsões se confirmem.
Com o cenário eleitoral se acirrando, a incógnita que paira no ar é se o Psol conseguirá reverter esse quadro ou se a eleição de Ebinho Florêncio será um fato consumado, levando à perda da presença do partido na Câmara Municipal.









