Por Carlos Madeiro, do UOL — Três prefeitos de capitais do Nordeste tomam posse nesta quarta-feira (1º) com a expectativa de que cumprirão menos de um terço de seus segundos mandatos.
São eles:
- João Campos (PSB), do Recife
- João Henrique Caldas, o JHC (PL), de Maceió
- Eduardo Braide (PSD), de São Luís
Todos têm nomes dados como certos para a disputa aos governos dos estados em 2026 e devem deixar dois anos e oito meses de mandato para os vices, que assumem junto com expectativa de serem prefeitos a partir de abril do ano que vem.
Os três têm uma coisa em comum: desconversam sobre o tema. “2026 só se discute em 2026”, disse Campos à coluna, após as eleições, repetindo o mesmo tom que disseram JHC e Braide.
Mas eles sabem que venceram suas eleições com folga, já em primeiro turno. Sabem também que têm boas avaliações e são vistos como nomes fortes e até favoritos para a disputa dos governos de Pernambuco, Alagoas e Maranhão, mesmo que para isso tenham de enfrentar os grupos que hoje dominam esses estados.
Em busca da cadeira de bisavô e pai
Herdeiro político de uma família que teve dois governadores (o bisavô Miguel Arraes e o pai Eduardo Campos, ambos falecidos), o prefeito do Recife aparece à frente da governadora Raquel Lyra (PSDB) em levantamentos internos realizados.
Até pela força do sobrenome no estado, João Campos é dado como o nome mais certo na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas para que o PSB volte a governar Pernambuco. O partido perdeu a cadeira em 2022 após ocupar por 16 anos (entre 2007 e 2022).
A certeza da renúncia parece tanta que o vice-prefeito de Campos foi uma escolha pessoal do prefeito: o seu ex-chefe de gabinete Victor Marques, que se filiou no ano passado ao PCdoB.
Com um amplo domínio político da centro-esquerda na capital, a escolha minou a intenção do PT, aliado de Campos, de indicar o nome do vice. Mesmo assim, Campos teve apoio petista na reeleição de 2024, com aval do presidente Lula —o que deve se repetir em 2026.
Acordo que beneficia mãe
A vida de JHC, porém, não será fácil, já que ele deve enfrentar o ex-governador e ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB). O partido dominado pela família Calheiros governa Alagoas desde 2015 —o atual governador e já reeleito é Paulo Dantas.
O PL, de JHC, não fez nenhum prefeito no interior e sofre com um “ilhamento político” na capital. Já o MDB elegeu prefeitos em 65 das 102 cidades do estado.
Para tentar crescer pelo interior e chegar ao Palácio República dos Palmares, JHC deve contar com o apoio do presidente da Câmara Arthur Lira (PP), que comanda o segundo maior partido do estado e que fez 27 prefeituras na eleição de outubro.
Vácuo de poder
Em São Luís, Eduardo Braide é outro nome que chega forte para 2026 e lidera cenários de intenção de voto para suceder Carlos Brandão (PSB), segundo levantamentos já feitos. Ele tem a seu favor o momento peculiar da política maranhense, que passa por um momento de turbulência e indefinições após a saída da vida política do ex-governador, e agora ministro do STF, Flávio Dino.
A saída de Dino e a idade avançada do ex-presidente José Sarney (MDB) deixaram um vácuo de poder no estado, que ainda está para ser ocupado politicamente.
Brandão, que foi vice de Dino no seu último mandato, rompeu com o ministro ao se aproximar da direita, inclusive da família Sarney, em seu governo. Ele já é reeleito e não pode ser candidato.
Uma ala da esquerda também não mais o apoia. O vice de Brandão, Felipe Camarão (PT), é cotado para ser o nome a tentar o suceder do grupo.
Já Braide, um nome que cresceu na política se dizendo independente, tem conseguido apoios ao longo de seu primeiro mandato e chega a 2025 com capital político visto como capaz de chegar ao Palácio dos Leões.
Se confirmada sua saída, quem assumirá São Luís é vice-prefeita reeleita Esmênia Miranda (PSD), aliada antiga de Braide.