Da Redação do Blog – Os jornalistas investigativos Roberto Cabrini e Juliana Dal Piva, renomados no país, e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, aproveitaram a participação como palestrantes do seminário sobre liberdade de expressão, no Novotel Marina Recife, na segunda-feira (9), para prestarem solidariedade ao jornalista Ricardo Antunes pelo atentado de que foi vítima, em novembro último.
Cabrini classificou a violenta agressão ao colega como “atrocidade”. Segundo ele, Ricardo Antunes “é uma inspiração para todos nós, porque entrega para a sociedade um trabalho genuíno”. Na sua visão, o também jornalista investigativo pernambucano “não mede esforços para fazer um jornalismo como manda o figurino, no qual o profissional está comprometido com a sociedade”. Para Cabrini, Antunes “é uma chama acesa para todos nós, jornalistas”.
Atualmente na TV Record e autor do livro “No Rastro da Notícia”, que autografou na noite da segunda-feira, após o seminário, Roberto Cabrini enfatizou que o jornalismo investigativo tem um preço alto. “Os denunciados intimidam, pressionam e fazem este tipo de atrocidade”, pontuou.
“Quero dizer que o que você sofreu foi inaceitável. Ontem, hoje e sempre”, declarou por sua vez o secretário de Desenvolvimento Econômico a Ricardo Antunes, organizador do seminário, no final de sua palestra.

“Estaremos sempre ao lado de quem protege o jornalista, do lado de quem exalta a liberdade da imprensa. Valorizo o papel do jornalista de mostrar a verdade do que está acontecendo”, disse Guilherme Cavalcanti. Na sua opinião, a função do jornalista é fundamental na construção dos desafios do desenvolvimento.
“Nenhum profissional de imprensa tem de passar por violência tão brutal, mas infelizmente casos como esses continuam a ocorrer”, lamentou Juliana Dal Piva em entrevista após sua palestra no seminário. Autora do livro “Crime Sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva”, ela enfatizou esperar que os autores do atentado “recebam o peso da Justiça e sofram as punições do Código Penal”.
Os autores mencionados por Juliana foram tornados réus na 3ª Vara Criminal por lesão corporal grave. O empresário Rodrigo Tavares Ramos, 35 anos, dono da rede de clinicas LP Saúde, mandante, e o executor do atentado, Pedro Henrique Costa de Oliveira, 29 anos, podem ser punidos com prisão de até oito anos, que chegarão a 11 anos se forem condenados também por formação de quadrilha para cometer o atentado.
O advogado Almir Reis também ressaltou a luta de Ricardo Antunes e Noelia Brito, ativista que foi muito perseguida na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB).

Ricardo Antunes foi emboscado a socos por Pedro Henrique Costa de Oliveira ao sair de uma barbearia em Boa Viagem, na Zona Sul. Os motivos do atentado foram reportagens que publicou no seu blog sobre irregularidades na rede de clínicas LP Saúde, como uso de CRM falso por um dos médicos e agressões a uma paciente, em outubro de 2023, que viralizaram.
O jornalista, que quase ficou cego do olho esquerdo, sofreu afundamento facial e levou 33 pontos em cirurgia de duas horas no Hospital Português para colocação de pinos e plaquetas.
A violência mereceu repúdio das maiores entidades de jornalismo do país. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e outras 10 organizações defensoras da liberdade de imprensa divulgaram nota se solidarizando com Antunes e cobrando rapidez na investigação do atentado.
Além da Abraji, assinaram a nota Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Artigo 19 ,CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Tornavoz, Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), Intervozes e RSF (Repórteres Sem Fronteiras). As entidades formam a Coalizão em Defesa do Jornalismo.