Por Luiz Roberto Marinho – Por trás do imenso aparato policial que envolveu nesta quarta-feira (18), em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, 26 promotores de Justiça, 18 servidores do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), 80 policiais civis, 52 policiais militares, além de agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), também estão as assinaturas em contratos suspeitos de Suellen Mendonça Figueiroa, a filha pródiga do empresário Sebastião Figueiroa, figura conhecida no “submundo” do financiamento de campanhas políticas. Assim como o pai, Suellen foi presa na operação de hoje.
A Gráfica Quinta das Fontes, antiga Canaã, que firmou contratos no valor de R$ 11 milhões com a Prefeitura de Ipojuca alvos da operação policial desta quarta-feira, está registrada nos nomes de Suellen e do irmão, Davidson Mendonça Figueiroa, constatou o MPPE na minuciosa investigação que levou à prisão do clã, em novembro de 2023.
Noticiou o blog Cenários que houve superfaturamento de preços nos contratos e irregularidades como a confecção de seis milhões de adesivos para turistas, o que equivale a mais de 60 vezes a população de Ipojuca. Como informou com exclusividade nosso Blog, o contrato da Quinta das Fontes foi firmado sem licitação, usando-se o critério chamado de adesão, no qual é reproduzida a forma de licitação feita com outro órgão público – no caso, a AMMESF (Associação dos Municípios do Médio São Francisco).

As investigações do MPPE que resultaram na prisão do clã revelaram que Suellen e o irmão firmaram contratos com a AMMESF no valor de “escandalosos” (as aspas são do MPPE) R$ 50 milhões. A licitação da AMMESF foi fraudulenta, constatou a investigação, pois a Quinta das Fontes concorreu apenas com a TGM Gráfica Editora, representada pelo sócio Thyago Guimarães Mafra – daí o nome TGM da empresa.
Ocorre que Thiago Maia, o suposto concorrente da Quinta das Fontes, tinha relações financeiras com Davidson Mendonça Figueiroa, o que configuraria fraude na concorrência da AMMESF. O MPPE descobriu que o dono da TGM Gráfica Editora movimentou quase R$ 1 milhão em transações com empresas do grupo Figueiroa.

Resumo da ópera: os contratos da Quinta das Fontes firmados com a Prefeitura de Ipojuca, além de superfaturados, basearam-se numa licitação fraudulenta – ou seja, configurou-se aí, descobriu o MPPE, a fraude da fraude. O objeto dos contratos descritos na publicação oficial da Prefeitura é “Contratação de empresa especializada na confecção de material gráfico/serigráfico para divulgação dos atos e eventos a serem realizados pela Prefeitura Municipal de Ipojuca”.
Presa na Colônia Penal Feminina Bom Pastor em novembro de 2023, um pouco depois da detenção do pai, do irmão, de um tio e da ex-madrasta, Suellen Mendonça Figueiroa, que passou uma temporada nos Estados Unidos, foi a última do clã a ser libertada, por decisão monocrática do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Joel Paciornik.