Da Redação do Blog – O empresário Thiago Brennand enfrentou ontem o primeiro dia da segunda audiência de instrução e julgamento na 1ª Vara de Porto Feliz, no interior de São Paulo. O caso em questão refere-se ao suposto crime de sequestro e cárcere privado, que está sob segredo de Justiça.
Durante a audiência, foram ouvidos os depoimentos da vítima e de quatro testemunhas de acusação, porém, o próprio empresário não prestou depoimento. A continuação da audiência foi marcada para o dia 17 deste mês.
Essa é a segunda audiência de instrução e julgamento que envolve o empresário Thiago Brennand. A primeira ocorreu em maio e estava relacionada a uma acusação de estupro feita por uma mulher norte-americana. A defesa de Brennand alegou que não houve estupro e solicitou a continuidade das investigações e do processo.

Thiago Brennand é réu em nove processos, dos quais seis já resultaram em sua prisão preventiva. Contudo, reportagens recentes revelaram casos em que mulheres que o acusaram de ameaças e intimidações foram desencorajadas a denunciá-lo. Uma ex-modelo, que preferiu manter o anonimato, relatou que o empresário a tratava de forma ofensiva e com ameaças veladas.
Além das acusações por parte das vítimas, autoridades públicas também relataram terem sofrido ameaças e perseguições por parte de Thiago Brennand. A delegada Dannyella Pinheiro Gomes, da 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM Oeste) de São Paulo, afirmou ter sido perseguida pelo empresário após cancelar um encontro. A ex-promotora do Ministério Público de São Paulo, Gabriela Mansur, registrou uma queixa-crime contra Brennand depois de ter sido alvo de ataques em vídeos.

Um dos casos que chamou a atenção foi o da mulher que acusa Thiago Brennand de tê-la mantido em cárcere privado e obrigá-la a tatuar suas iniciais em seu corpo. Segundo o depoimento da vítima ao Ministério Público de São Paulo, o empresário tomou seu celular e a obrigou a digitar o código de desbloqueio. Após o ocorrido, Brennand teria dito que “nenhuma mulher que está com ele grita”.
No dia seguinte, na casa do empresário, um tatuador teria dito à mulher para abaixar a blusa, e ela foi obrigada a fazer a tatuagem das iniciais de Thiago Brennand. A vítima alega que todos na casa foram coniventes com o ocorrido. Em seguida, o empresário a teria ameaçado através de áudios e começou a divulgar vídeos íntimos dos dois.
Os relatos das vítimas apontam para um padrão de comportamento violento por parte de Thiago Brennand.
O caso da mulher tatuada com as iniciais de Brennand
Em depoimento ao MP-SP, a mulher disse que o empresário tomou seu celular e a obrigou a digitar o código de desbloqueio. Ela teria gritado para ele devolver o aparelho. À época, Brennand teria dito a ela que “nenhuma mulher que está com ele grita”. No dia seguinte ao episódio envolvendo o celular, Brennand disse que ela teria uma “surpresa”, segundo o depoimento da vítima. Na casa do empresário, um tatuador teria dito para ela abaixar a blusa. A mulher relata que houve conivência de todos que estavam na casa quando ela foi obrigada a fazer a tatuagem. Depois, afirmou que ele a ameaçou por meio de áudios e começou a divulgar vídeos íntimos dos dois.

“Se eu não tirasse a mão, ele ia me machucar mais”. O Caso da mulher norte-americana
Na primeira audiência de Brennand, a mulher norte-americana disse que foi ameaçada, intimidada e estuprada pelo empresário. Ela disse que tentou impedir o estupro colocando a mão para proteger o corpo e que, depois do abuso, não conseguiu reagir. “Não consegui me mexer, fiquei parada.”
Quando conheceu o empresário, a mulher vivia um processo de separação. Ela contou que Brennand incentivou o término da relação. Afirmou ainda que era chamada de “puta” de forma recorrente pelo empresário.
A vítima relatou que Brennand a ameaçou de morte. De acordo com ela, o empresário disse que poderia jogar o corpo dela em um local.
Falei ‘não, o que você está fazendo? Não quero’. Falei gritando, não sei se a empregada ouviu ou não quis ouvir. Se eu não tirasse a [minha] mão, ele ia me machucar muito mais. Eu falei: eu não quero isso. Ele falou ‘eu não vou fazer, mas tira a sua mão’.

Agressão na academia:
A violência contra a empresária e modelo Helena Gomes foi o primeiro caso a se tornar público. A audiência de instrução e julgamento está marcada para 27 de julho. Em agosto do ano passado, imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que ela foi agredida fisicamente por ele em uma academia na zona sul de São Paulo.
No dia da agressão, Helena lembra que foi a segunda ocasião em que o empresário teve uma resposta negativa por parte dela. “Ele me olhava bastante na academia, mas nunca teve oportunidade de falar comigo. Pediu meu telefone dizendo que alguém estaria falando mal de mim na academia.”
Sem saber do que se tratava, Helena lembra que passou o contato. “Ele mudou completamente o assunto, me convidou para jantar e eu não aceitei de uma forma educada.” Após Brennand ter insistido na conversa, Helena decidiu bloqueá-lo.

O caso Stefanie Cohen: “Me enfiei em uma cama depois do que aconteceu”
A estudante de medicina Stefanie Cohen conta que conheceu o empresário em um restaurante de São Paulo. Uma semana depois, Brennand a convidou para jantar. “Ele aparentava ser cliente regular do restaurante, pediu as bebidas e as comidas. Mas, depois, comecei a me sentir mal e desorientada.”
Ao perceber que Stefanie se sentia mal, Brennand teria oferecido ajuda e a levado a um hotel. “Cheguei no dia seguinte com uma mordida no braço, perto do ombro”, diz.
Stefanie afirma que o empresário gravou um vídeo dela sem autorização no momento do estupro. “Não me lembro de ele ter feito o vídeo. Só me lembro que ele ficou tentando forçar a relação anal e eu falava que não. Mas ele insistia. Aquilo me deu um desespero.”
“Depois do estupro, minha primeira sensação foi ter sentido muito nojo do meu próprio corpo. Tinha repulsa, queria vomitar”. A estudante relatou que sentiu alívio quando Brennand foi preso no Brasil em abril deste ano. “Novas vítimas se sentirão mais seguras para denunciar”, declarou.
Estava com muita dor, consegui marcar a ginecologista. Segundo os exames, eu estava com pequenas fissuras nas partes íntimas e com fissuras anais. Tive que usar uma pomada por 10 dias. Foi a pior consequência física de todas. Minha região íntima toda ficou muito machucada.

Força, coação e ameaça: “Quando e como ele queria”
O 9º processo no qual Brennand se tornou réu se refere a outra denúncia de estupro. A mulher relata que “era obrigada a levantar da sala e ir até o quarto para fazer sexo com ele, sem preservativo, sem que quisesse, mediante uso de força física, porque ele a puxava pelo braço”.
A vítima afirmou que, no período de “duas ou três semanas, calcula que tenha sido submetida a atos sexuais sem o seu consentimento por mais de 20 vezes”. Segundo o depoimento, ela chegava a chorar durante os estupros.
Nesse caso, Brennand também teria registrado imagens durante o ato sexual para constranger a vítima e ameaçá-la. “O denunciado se valeu de imagens sorrateiramente gravadas dos momentos íntimos que manteve com mulheres.”
Outro lado
A defesa do empresário, representada por diversos advogados — entre eles Alexandre Queiroz, Gustavo Rocha e Roberto Podval — informou que não irá se pronunciar no momento. Em relação à primeira etapa da audiência, o advogado de Brennand afirmou que considerou positivo o desfecho.
Um passo importante para demonstrar a inocência de seu cliente. Na ocasião, puderam ser apresentados fatos novos, que colocam em xeque a narrativa sobre o crime alegado. No momento oportuno, novos esclarecimentos serão apresentados.”Alexandre Queiroz, advogado de defesa de Thiago Brennand