EXCLUSIVO, Por Luiz Roberto Marinho – A Unilever de Porto de Suape, no Litoral Sul, assinou acordo com o Sindiquimica (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas de Pernambuco) e pagou, numa só tacada, R$ 2,6 milhões de adicional de insalubridade a 190 funcionários, incluindo 64 demitidos. O adicional se refere ao período entre 2017 e 2022 e beneficia os setores de processamento e produção.
Pelo acordo, celebrado em uma ação civil coletiva promovida pelo Sindiquimica exigindo o pagamento de adicional de insalubridade nas áreas de processamento e produção, a Unilever reconheceu que alguns cargos na fábrica de Suape, dedicada a produtos de higiene pessoal e a maior do grupo em Pernambuco, faziam jus ao adicional.
Ficou acertado que, com as melhorias feitas pela empresa e com uma nova perícia constatando a inexistência de ambiente insalubre, não haverá mais inclusão do adicional de insalubridade na folha de pagamentos. O acordo, portanto, eliminou o passado, explicita o texto.
Nas tabelas fixadas no acordo, as indenizações por adicional de insalubridade variam de R$ 14,9 mil a R$ 19,8 mil para cada trabalhador em atividade, que foram acrescidos aos contracheques.

Pela legislação, o adicional de insalubridade oscila entre 10% e 40% do salário-mínimo (R$ 1.518, atualmente) – ou seja, de R$ 151,80 a R$ 607,20 acrescidos ao contracheque, conforme a exposição do trabalhador ao ambiente considerado insalubre pela perícia da Justiça trabalhista.
Para os 64 trabalhadores demitidos, há valores que variam de R$ 4,3 mil a R$ 20,8 mil, depositados pela Unilever numa conta do Sindiquimica, ao qual caberá o pagamento aos demitidos. Dez demitidos vão receber R$ 4,3 mil, o que deixou vários revoltados. Sem querer se identificar, acusam o Sindiquimica de falta de transparência.
“Trabalhei sete anos na Unilever e não é justo receber apenas pouco mais de R$ 4 mil por adicional de insalubridade do passado. Esta conta está errada e ninguém esclarece os valores”, queixou-se um deles ao Blog.
O presidente do Sindiquimica, Paulo de Souza Bezerra, nega que a entidade não tem sido transparente. Disse que os valores dos demitidos foram fixados pela Unilever no acordo. Informou que o Sindicato estará dando plantão, a partir de 5ª feira (17) e até o próximo dia 31, aos demitidos e irá apoiar quem quiser ingressar na Justiça trabalhista questionando os valores estabelecidos pela empresa.
A unidade da Unilever no Porto de Suape é uma das três que possui em Pernambuco. Há uma planta em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, que produz o sabão em pó Omo, e outra em Garanhuns, no Agreste, responsável pela produção do amido de milho Maizena e pelo mel marca Karo. Multinacional inglesa de bens de consumo, a Unilever atua em 190 países e registrou lucro, em 2024, de 60 bilhões de euros.









