Da Redação do Blog — Informações obtidas com exclusividade pelo Blog demonstram a forma como o empresário do ramo alimentício, Xinxa Goes de Siqueira, conhecido como Xinxa da Cebola, preso na manhã desta quarta-feira (31), operava os esquemas de agiotagem e tráfico de drogas, com volume de recursos financeiros totalmente incompatíveis com as atividades lícitas que mostrava nas redes.
A quadrilha comandada pelo empresário atuava em Pernambuco, no Ceará e em São Paulo. Operando de forma estruturada e mediante distribuição de tarefas, para transportar e vender pasta base de cocaína utilizando os caminhões de transporte de frutas e verduras de sua empresa. O material era enviado para as cidades de Salgueiro, Cabrobó, Orocó, Belém de São Francisco e Recife.
Um motorista de Xinxa, de nome Marcílio Sebastião de Andrade, é apontado como braço direito do empresário no transporte das drogas, transportando mais do que horti-frut em carretas do empresário. Apesar da confiança e quantidade de tarefas atribuídas ao motorista, a PF interceptou poucas ligações entre os dois. Isso porque para manter toda a operação criminosa em sigilo, o empresário utilizava um outro telefone, que não foi identificado pela PF, e não está vinculado ao nome de Xinxa.
Sempre que interlocutores ligavam para o empresário eram avisados para não falar por ligação, e que era para ligarem para o outro número(não identificado) ou falar pelo aplicativo WhatsApp, já que evitava a ligação ser interceptada.

Durante a investigação da PF, embora o empresário articulasse a movimentação de mais de R$70 milhões na conta de laranjas, em seu nome e usando seu CPF ele movimentou apenas R$100 mil reais.
De acordo com a PF, o advogado Thiago Arrais de Lavor Luna, de Fortaleza-CE, auxiliava Xinxa na compra de veículos para lavagem do dinheiro e sonegação de impostos. Em alguns diálogos com Thiago, apesar da alta movimentação financeira e quantidade de bens, Xinxa fazia questão de dizer que na empresa dele “nunca emitiu” uma Nota Fiscal.
Um dos laranjas de Xinxa, amigo de Thiago, Kaio Jonatas Escossio Linhares, também de Fortaleza-CE, movimentou cerca de R$51 milhões em sua conta pessoal. A movimentação incompatível com os ganhos de Kaio, geralmente tinha o valor depositado vindo de locais diferentes, geralmente em dinheiro ou vindo de bancos de criptomoedas, dificultando o rastreamento.

Kaio atuava como agente de compras de Xinxa e representou o empresário na importação de um carregamento de alho da China e na compra de uma Mercedes Benz, de R$1,6 milhão, mas o veículo não está no nome dele, nem no de Xinxa. A esposa de Kaio, Raquel Lima de Queiroz, também atuou como laranja, e movimentou cerca de R$3 milhões de forma suspeita, segundo as investigações.
Outro investigado, um parente de Xinxa, é apontado como o centro das movimentações financeiras. Apoliano Góes de Siqueira e sua companheira, Rafaella Escorel Pimenta, estão ligados a todas as movimentações suspeitas envolvendo as empresas de Xinxa.
Além de Apoliano, segundo a PF, ficou claro que a irmã de Xinxa, Eliane Goes, além de movimentar contas em nome de Xinxa, assumia também a responsabilidade de fazer cobranças em nome do empresário, enquanto estava em viagem.
Um outro diálogo interceptado demonstra um funcionário de nome “Pacheco”, discutindo com Xinxa um dessas cobranças da agiotagem, chegando a cogitar matar o devedor. Em outra conversa, pergunta-se onde está a pistola de Xinxa para usar numa cobrança. E ,embora o empresário não tenha registro CAC, também negociava com uma pessoa nomeada “HN1” a compra de pistolas e metralhadoras.
Xinxa da Cebola está no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, e nesta quinta – feira (31) passará por audiência de custódia.