Por Luiz Roberto Marinho – A Haut Incorporadora & Design foi vendida pelo arquiteto Thiago Monteiro, seu fundador, em 2016, ao engenheiro Marcelo Brandão pela pechincha de R$ 200 mil, informa o contrato de venda registrado em 25 de março último na Junta Comercial de Pernambuco, ao qual o blog teve acesso.
O valor é muito menos da metade da devolução de R$ 480,9 mil imposta a Thiago Monteiro pela 1ª Vara Cível do Recife na primeira condenação conhecida por receber o pagamento e não entregar o imóvel, como ocorreu com a aposentada Girley Simões. Ela adquiriu, em 2021, dois apartamentos conjugados e uma vaga de garagem no edifício Co-Haut 003, no Pina, na Zona Sul, cujo prédio, abandonado, transformou-se em refúgio de viciados em drogas.
A venda da Haut foi feita à empresa Engebrand Construções Engenharia e Serviços, aberta em fevereiro de 2019 por Marcelo Brandão com capital de R$ 104.500, localizada na Rua do Futuro, no bairro das Graças, na Zona Norte. A Engebrand enfrenta uma dezena de processos na Justiça Trabalhista.
No contrato, consta que o capital social da Haut, transferido à Engebrand, é de R$ 2,7 milhões, mas é sabido ser um número fictício, apenas para efeito de registro na Receita Federal.
Logo depois de adquirir a empresa, Marcelo Brandão disse ao blog que resolveria as pendências da Haut, alvo de duas dezenas de ações judiciais por não entregar o que vendeu, mas não há informações de que as pendências tenham sido solucionadas.
A construtora ergueu e não entregou apartamentos em Boa Viagem e no Pina, na Zona Sul, e em Poço de Panela, área nobre da Zona Norte, o condomínio Arbo. A única obra habitada é o condomínio de alto luxo BMRX Loft , na Estrada do Encanamento 827, em Casa Forte, também na Zona Norte, com sete apartamentos duplex, de 268m², ao preço em torno de R$ 2,5 milhões e taxa de condomínio de R$ 3.500 mensais. O último andar é ocupado por um triplex.
O condomínio foi concluído pela construtora Habitat, pertencente a um dos seus moradores, o empresário Valdemar Carolino Azevedo Bezerra, dono da cobertura, o tríplex do prédio. O condomínio está sendo processado pela Prefeitura do Recife por não ter habite-se – ou seja, é um empreendimento irregular.
O OUTRO LADO
Não conseguimos contato com o engenheiro Marcelo Brandão. O espaço está aberto a manifestações e a reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.
Confira a íntegra do contrato da venda da Haut.
2 – ALTERACAO – HAUT INCORPORADORA – CONSOLIDACAO DO CONTRATO SOCIAL