Da Redação do blog com informações do Estadão
O Ministério Público Federal, em cota da denúncia apresentada no âmbito da Operação Descontaminação, nesta
sexta-feira, 29, apontou indícios ao juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do
Rio, de que o ex-presidente Michel Temer e o
ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco tivessem
‘conhecimento prévio’ da operação que os prendeu. Os investigadores averiguaram
o celular de Moreira Franco, apreendido no dia 21, quando os aliados foram
presos.
“Em horário bastante inusual, no meio da
madrugada, há menos de cinco horas do horário agendado previamente para a
deflagração da Operação Descontaminação, houve troca de mensagens e tentativa
de ligação entre os dois investigados. A princípio Michel Temer, identificado
como MT, envia mensagem a Moreira Franco, às 1h24 do dia 21 de março de 2019,
perguntando se ele estava acordado”, relatou a Lava Jato.
“Em seguida, 1h40 do mesmo dia, Moreira
Franco tenta realizar uma ligação por meio do aplicativo WhatsApp (que codifica
a comunicação, não podendo ser interceptada a ligação), que não se completa.
Logo em seguida manda uma mensagem dizendo que sim, estava acordado, e tentou
ligar. Não se sabe se conseguiram se falar naquela madrugada por meio de outros
aparelhos celulares ou outros meios de comunicação.”
No documento, o Ministério Público Federal declara
que ‘o histórico de mensagens e ligações de Moreira Franco remonta a 26 de
dezembro de 2018’.
Segundo a Lava Jato, ‘mesmo se tratando de
histórico relativamente curto, é possível se reconstruir, nestes quase três
meses, a habitualidade de como se dava a troca de mensagens e de ligações entre
os dois denunciados, Michel Temer e Moreira Franco’ e ainda a ‘habitualidade de
horários em que ocorriam’.
“Nos 86 dias que se passaram entre a data
inicial do histórico de chamadas, 26 de dezembro de 2018, e a data de
deflagração da operação, 21 de março de 2019, não houve uma única ligação entre
os dois denunciados após às 22h”, conta a Procuradoria da República.
“Dentre todas as 27 comunicações ou
tentativas de comunicações ocorridas entre os dois investigados neste período,
não houve uma única que ocorresse de madrugada (depois das 22h), com exceção
das duas tentativas de comunicação na madrugada do dia em que ocorreu a
operação, a poucas horas do horário inicialmente agendado. A grande maioria das
ligações se dava no período da tarde, e as poucas que ocorreram à noite foram
realizadas, no máximo, até às 22h.”
Na avaliação dos procuradores, estas
informações mostram ‘indícios de que os dois investigados, contando com a sua,
ainda existente, influência na cúpula do poder estatal, possam ter tido
conhecimento prévio acerca da operação que os investigava’.