Do UOL – O deputado federal Dal Barreto (União-BA) multiplicou seu patrimônio e construiu uma rede de mais de 200 postos de combustíveis abastecida por contratos com prefeituras baianas. As empresas ligadas ao parlamentar receberam ao menos R$ 30,9 milhões de 13 prefeituras em 2022, segundo dados oficiais.
Barreto, que declarou ter R$ 516 mil em bens em 2008 e hoje diz possuir R$ 7,3 milhões, é alvo da Operação Overclean, da Polícia Federal, sob suspeita de desviar recursos de emendas parlamentares por meio dessas relações com administrações municipais.
Na terça-feira (14), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele, e o deputado teve o celular apreendido no aeroporto de Salvador.

Em nota, Barreto afirmou não ter tido acesso ao inquérito e disse reafirmar seu compromisso com ‘a verdade e a legalidade’.
A Prefeitura de Wenceslau Guimarães (BA), que teve ontem seu prefeito preso em flagrante, pagou R$ 1,1 milhão a um posto de combustíveis da rede do deputado no ano passado. O deputado também tem empresas em Riacho de Santana (BA), cidade em que o prefeito foi afastado por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).
Contratos com prefeituras
Nascido em Amargosa (BA), Dal declarou um patrimônio de R$ 516 mil quando tentou se eleger prefeito da cidade, em 2008. Empresário de 29 anos, era sócio de um posto de gasolina e dono de uma fazenda.
No intervalo entre aquele ano e 2018, quando foi eleito deputado estadual pelo PCdoB, abriu mais de 50 postos em diferentes municípios, na maioria das vezes fechando contratos para fornecer combustíveis às prefeituras, além de alugar veículos e fornecer transporte escolar para as administrações.
Em 2022, segundo levantamento feito pelo UOL, os postos ligados à sua rede ganharam ao menos R$ 30,9 milhões de 13 prefeituras.
Suas empresas foram alvo de investigações do MPF (Ministério Público Federal) por suspeita de direcionamento de licitações, mas todas acabaram arquivadas.
Na campanha para deputado federal em 2022, já pelo União Brasil, Dal dizia ter um patrimônio de R$ 7,3 milhões —quase quinze vezes o de sua primeira campanha.
O deputado foi acusado de abuso de poder econômico, já que gastou R$ 217,7 mil em verba eleitoral nos postos seus e da família, mas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) considerou não haver provas de desvio de finalidade dos gastos.
A Rede Dal hoje afirma ter mais de 200 postos de combustíveis, alguns deles com a bandeira da Shell e outros de bandeira branca, que podem comprar de qualquer distribuidora.

Dal também é próximo de um investigado da Polícia Federal em outro inquérito, o empresário do setor de combustíveis Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco.
Foragido desde o final de agosto, Beto Louco é suspeito de atuar como operador do PCC para lavagem de dinheiro. Nos últimos três anos, ganhou dinheiro vendendo combustíveis para postos de gasolina e fez contatos para tentar crescer no mercado fora de São Paulo, incluindo Dal Barreto, com quem já teve encontros.
O UOL procurou a assessoria de Dal Barreto para comentar a relação com Beto Louco e as demais suspeitas contra o deputado, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.








